Operação Lava Jato: Grisalhão” e “Encostado”, entre outros, seguem incógnitos
Publicado por:
Amara Alcântara
Já se sabe quem
eram “Todo Feio”, “Caju” e “Las Vegas”. Agora, resta descobrir quem são
“Encostado”, “Duvidoso”, “Casa de Doido” e muitos outros. Os três
últimos nomes constam em planilhas de pagamentos da Odebrecht
apreendidas pela Operação Lava Jato neste ano. Essas tabelas mostram
pagamentos para dezenas pessoas identificadas apenas por apelidos, em
somas milionárias. As planilhas estavam com a secretária Maria Lúcia
Tavares, primeira funcionária da construtora a colaborar, ainda no
começo do ano. Ela atuava junto ao departamento de operações
estruturadas da Odebrecht, considerado por investigadores como “um setor
de propinas”. No último fim de semana, com a divulgação de detalhes dos
depoimentos do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, foi
revelado que, segundo o novo delator, Todo Feio era o ex-deputado
paraibano Inaldo Leitão; Caju, senador Romero Jucá (PMDB-RR) e Las
Vegas, o ex-assessor de Dilma Rousseff Anderson Dornelles. Todos negam
ter recebido dinheiro. A delação dele e dos outros ex-dirigentes da
empreiteira ainda precisa ser homologada pelo Supremo. A lista
apreendida revela uma predileção por denominações de características
físicas (há nomes como “Grisalhão”, “Baixinho”, “Comprido”), relativas a
animais (“Abelha”, “Faisão”) e até referências futebolísticas (há o
“Flamenguista” e o “Timão”). Em alguns casos, associam o nome a obras da
empreiteira. Ao lado de “Bobão”, por exemplo, e da anotação de um
repasse de R$ 150 mil, consta o nome “Canal do Sertão – lote 4”. Também
há duas menções a aparentes pagamentos em países vizinhos. O codinome
“Duvidoso” está ao lado de “Dutos Argentina”, em US$ 100 mil, e “Taça”
faz referência ao Peru. A maioria das planilhas envolve repasses no
período da campanha eleitoral de 2014. Há uma série de valores para
“Mineirinho”, o que, suspeitam investigadores, é uma referência à
campanha à Presidência de Aécio Neves (PSDB) naquele ano. Por meio de
sua assessoria, o tucano disse desconhecer as planilhas mencionadas e
que as doações à campanha ocorreram dentro da lei. TROCADILHOS Os
operadores também levavam codinomes. Adir Assad era o “Kibe” e o chinês
Wu-Yu Sheng seria o dono do apelido “Dragão”. Havia vários trocadilhos,
como “Ovo”, para se referir ao governador catarinense Raimundo Colombo
(PSD), e “Eva” para um deputado estadual do Rio Grande do Sul, Adão
Villaverde (PT). Os políticos citados vêm negando ter recebido dinheiro
de maneira ilegal. A Odebrecht não se manifesta a respeito das delações.
Fonte: Folha
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