Após queda de até 50%, Olimpíada reergue mercado da prostituição no Rio de Janeiro
Melissa*,
de 25 anos, é uma novata nas ruas da Vila Mimosa. Pintou os cabelos
crespos de loiro pois acredita que isso a valoriza. Ela tenta colocar a
vida financeira em ordem no próximo mês. A jovem, que começou a se
prostituir há três meses, precisa pagar a dívida da mãe com um agiota de
Caxias, onde mora. Ela é mais uma menina que tenta lucrar com os Jogos
Olímpicos vendendo o corpo — um mercado aberto a interessadas.
— Já tirei R$ 800 num dia só. Já paguei os juros. Espero pagar tudo com o dinheiro da Olimpíada — conta a moça.
Com a crise, o mercado
na prostituição é de dificuldades. O faturamento nas casas de luxo caiu
até 40% no último ano. Nas zonas mais populares, a queda chegou a 50%. A
esperança é a Olimpíada. E, para isso, as casas de saliência estão
reforçando seus times.
— Passamos de 50 para 80
meninas por causa dos Jogos. E todo dia aparecem cinco ou seis aqui
querendo trabalhar — conta o gerente de uma casa na Barra da Tijuca.
O otimismo é grande na
Vila Mimosa e no Centro. Pessoas ligadas ao setor, no entanto, afirmam
que é na Barra — onde estão a Vila e o Parque olímpicos — que os dólares
e euros irão jorrar. Já há relatos de atletas vistos nas casas. Além
disso, pequenos prostíbulos foram abertos para festas particulares.
— Esses espaços não vão
ter mercado depois do evento. Só abriram para os Jogos — contou uma
fonte que trabalha há 30 anos no ramo.
Uma stripper e garota de
programa com experiência na região da Barra prevê o fim das vacas
magras. Enquanto ela dança, os estrangeiros enchem sua calcinha de
dinheiro — hábito que não é difundido entre os clientes brasileiros.
Prostituir-se não é
crime. Ter lucro sobre a prostituição de outra pessoa, porém, é, explica
o advogado Luiz Felipe Diaz André. O pós-graduando em criminologia, que
estuda o assunto, defende a regulamentação da atividade:
— A regulamentação das casas dá uma maior proteção mercadológica e contra a violência para as meninas.
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