Atriz pornô revela trajetória e diz que fazer filme erótico é “trabalho honesto”
“Transar você já
vai de qualquer maneira. Melhor fazer isso ganhando dinheiro e sustentar
suas filhas do que fazer de graça e passar fome”. Foi assim que meu pai
reagiu quando contei pra ele que tinha recebido uma proposta para
trabalhar num filme pornô, em 2001. Fiquei feliz por saber que ele e
minha mãe me apoiavam. Encarei aquilo como uma oportunidade de sair do
sufoco e dar às minhas três filhas uma condição melhor de vida do que eu
tinha tido na infância, trabalhando na roça e passando necessidade.
Todo mundo faz sexo. Qual o problema de as pessoas me verem fazendo?
Sonhava em sair da roça e ter uma vida melhor
Comecei a ajudar
meus pais na lavoura aos 7 anos. Não foram tempos fáceis. Quando havia
uma colheita ruim, a gente passava fome. Por isso, assim que cresci um
pouco mais, aos 14 anos, me agarrei ao que considerava uma boa
oportunidade para deixar a casa dos meus pais: me casei com um
trabalhador do campo da nossa região, no interior de Santa Catarina. Só
que ele não tinha a menor ambição. Ao contrário de mim, meu companheiro
planejava passar o resto da vida plantando em sua terra, perto de sua
família. Tivemos três filhas e um casamento bastante conturbado, que
terminou quando eu tinha 21 anos. Aí, aluguei uma casinha em
Florianópolis (SC) e ralei muito para sustentar minhas meninas.
Trabalhei como faxineira, ajudante de cozinha, doméstica… Só que, por
mais que eu me desdobrasse, o dinheiro nunca era suficiente. Então, em
1999, pra me livrar de um namorado possessivo, acabei me mudando para a
casa de uma amiga em São Paulo.
Participei de um teste para um quadro na TV
Essa minha amiga
tinha conhecidos na TV e conseguiu que eu fizesse algumas pontas em
programas de auditório. Aí, me ofereceram um teste para participar do
quadro Flagrante, do programa Eu Vi na TV, com o João Kléber, que
passava na RedeTV!. Como eu nunca tinha assistido, não sabia do que se
tratava, mas topei mesmo assim. Chegando lá, a produtora achou que eu
tinha mais o perfil de outro quadro, o Teste de Fidelidade, em que uma
atriz ou ator sensuais tentam seduzir alguém a pedido do seu cônjuge.
Quando eu disse que não tinha namorado, ela logo perguntou: “Topa ficar
de calcinha e sutiã e beijar o convidado?”. Eu estava solteira, era
bonita e segura do meu corpo. Por que não? Mandei tão bem que eles me
aceitaram na hora! Me divertia gravando o quadro e, aos poucos, fui
ficando conhecida. Só que, quando chegava o pagamento, era uma tristeza
só: cerca de R$ 1.000 por mês. Quando completei um ano no programa,
fiquei muito conhecida e não podia mais fazer o quadro. Por isso, fui
dispensada. Passei a fazer shows de strip-tease pelo Brasil até
encontrar um empresário que me convidou para fazer um filme pornô. Uau!
Consultei meus pais e minhas filhas antes de aceitar a proposta
A primeira coisa
que fiz foi conversar com meus pais para ver o que eles achavam.
Expliquei que o pagamento era uma bolada (cerca de R$ 30 mil por meia
hora de filme!) e que eu gostaria de fazer. Eles sempre confiaram nas
minhas escolhas e disseram que me apoiariam. Também conversei com minhas
filhas, que na época estavam com 11, 9 e 7 anos. Elas não entendiam
muito bem a situação, mas percebiam que o que eu estava fazendo era pelo
bem delas. E era mesmo. Eu queria proporcionar o melhor para minhas
meninas. Não queria que elas passassem as dificuldades que passei. Além
do mais, poderia fazer aquilo de uma forma profissional. Afinal, quem
não faz sexo? A única diferença é que as pessoas iam me ver fazendo.
Conversei com meu namorado na época e ele disse que não se importava.
Então, topei o convite e fui fazer os testes de aids e doenças
sexualmente transmissíveis (DSTs) que eles nos pediam.
Na primeira cena, fiquei supernervosa e travei
No primeiro dia de
gravação, achei aquilo tudo bem esquisito. Fiquei me arrumando em um
quarto e só fui apresentada ao meu parceiro na hora da cena. Eles me
instruíram sobre como seria o desenrolar da história e que deveríamos
começar pelo beijo, para então partir para o sexo oral e, finalmente,
para a penetração. Fiquei supernervosa e não consegui me soltar. Aí, o
diretor pediu para que só quem era imprescindível ficasse no set e me
deu um pouco de uísque. No final, bebi quase a garrafa toda! Fiquei tão à
vontade que atingi o orgasmo no fim da gravação!
Perdi o namorado, mas ganhei fama e dinheiro
Quando o filme
estava para ser lançado, meu namorado não aguentou a pressão e acabou me
deixando. Fiquei triste, mas sabia que eu estava fazendo a coisa certa.
A prova foi o sucesso do filme, que me fez receber convites para
participar de outras 13 produções nos seis anos seguintes. Fiquei famosa
até no exterior! Contracenei com diversos atores famosos no meio, como o
Alexandre Frota. Fiz meu trabalho com muito empenho, me esforçando para
me soltar e para sentir o prazer que estava demonstrando. Nunca fiz
nenhuma cena que me desagradasse e, se sentisse o menor desconforto, já
pedia para parar.
Minhas meninas nunca foram desrespeitadas pelos coleguinhas
Sempre agi com
tanta naturalidade e de uma forma tão bem resolvida em relação ao meu
trabalho que acabei passando essa tranquilidade para as minhas filhas.
No colégio, elas nunca foram desrespeitadas pelos coleguinhas nem
sofreram desaforo. Simplesmente sabiam que o que eu fazia era honesto e
digno como qualquer outro serviço, e que era para o bem delas. Da mesma
forma, meus amigos sempre me respeitaram e elogiaram o meu trabalho.
Diziam que eu era uma ótima atriz e que assistiam aos filmes com suas
parceiras! É claro que de vez em quando aparece algum otário que me
aborda com vulgaridade. Mas sei colocar os desaforados no lugar deles.
Meu trabalho é honesto e ninguém tem o direito de me julgar
Queria que as
pessoas entendessem que um filme pornô é uma arte e um trabalho como
qualquer outro. Sei que o que fiz ajudou a inspirar outras mulheres na
cama, pois muitas já me disseram que buscaram conhecer seu corpo e ter
mais prazer. Desde 2007, trabalho apenas fazendo shows de strip-tease em
casas noturnas e gosto muito. Não fiquei rica, mas dá pra viver com
dignidade. Não me arrependo de nada do que fiz e acredito que ninguém
tem o direito de me julgar!
Fonte: Sou Mais Eu!
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