Com medo de microcefalia, médica foge do Recife por "gestação segura"
Gabriela Raposo deixou o Recife no dia 14 de novembro, levando junto seu filho de dois anos.
O desejo de ter o segundo filho saudável e o medo de ter uma criança
com microcefalia levaram a médica pediatra Gabriela Raposo, 32, a deixar
o Recife - onde mora com marido e filho - e ter uma "gestação segura"
em Brasília, onde está hospedada no apartamento de uma prima também
gestante.
Grávida com 12 semanas de gestação, Gabriela Raposo deixou o Recife no
dia 14 de novembro, levando junto seu filho de dois anos. À época, os
casos começavam a ser registrados em massa no Estado, sem ainda uma
confirmação da causa.
No domingo (29), o governador Paulo Câmara decretou estado de
emergência por conta do alto índice de infestação do mosquito Aedes
Aegypti –transmissor da dengue, da febre chikungunya e da zika. No
sábado (28), o Ministério da Saúde confirmou a ligação entre o zika
vírus e os casos de microcefalia no Nordeste.
"A gente sabia que estava tendo um surto, mas não era certeza. Como
estou no primeiro trimestre de gestação, quando ocorre a formação do
sistema nervoso, conversamos com pessoas da área. Apesar de sermos
médicos --ela é casada com um urologista-- procuramos pessoas que
estavam mais por dentro e ficamos assustados com a frequência de casos.
Não sabia nem como se prevenir na época, então decidi vir para cá",
contou.
A ideia da pediatra é ficar ao menos até o fim do ano, quando entrará
no quinto mês de gestação. Mas não há certeza na data de retorno à vida
no prédio onde mora, no bairro de Poço da Panela, na capital
pernambucana.
"Aqui posso viver praticamente normalmente, embora esteja com todos os
cuidados, usando calça e camisas longas sempre, e usando repelente. Tem
que se prevenir, mas aqui tem bem menos casos", disse.
UOL
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