Deputado Jair Bolsonaro reagiu a discurso de Maria do Rosário e repete que não estupra a deputada porque ela 'não merece'
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) reagiu nesta terça-feira (9) a um
discurso da deputada Maria do Rosário (PT-RS) contra a ditadura militar
dizendo que ele só não a estupra porque ela “não merece”. Ele repetiu
ofensa dirigida à mesma deputada em 2003, quando os dois discutiram em
um corredor da Câmara.
Em seu discurso, Maria do Rosário, que foi ministra da Secretaria de
Direitos Humanos, chamou a ditadura militar no Brasil (1964-1985) de
“vergonha absoluta”. Bolsonaro, que é militar da Reserva, foi à tribuna
em seguida. No momento da fala do deputado, Maria do Rosário deixou o
plenário.
"Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de
estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque
você não merece. Fica aqui pra ouvir", afirmou Bolsonaro. 'Não tento
agradar', diz Bolsonaro, o deputado federal mais votado no RJ.
Ao discursar, Maria do Rosário tinha afirmado que “homens e mulheres
(...) se colocaram de joelhos diante dela [da ditadura] para servirem ao
interesse da tortura, da morte, ao interesse de fazer o desaparecimento
forçado, o sequestro”.
A ex-ministra criticou também as manifestações de rua que pedem a volta
dos militares. Segundo ela, os manifestantes “deveriam ter consciência
do escárnio que promovem indo às ruas pedir a ditadura, pedir o
autoritarismo e o impeachment. Ora, figuras de linguagem desvalidas
porque colocadas no pior lixo da história”.
Maria do Rosário elogiou ainda o trabalho da Comissão Nacional da
Verdade, que divulgará o relatório final nesta quarta-feira (10), Dia
Internacional dos Direitos Humanos. No documento, haverá a recomendação
para que responsáveis pela violação de direitos humanos sofram punição
no âmbito civil, administrativo e criminal.
Jair Bolsonaro disse que, para ele, a data é o “Dia Internacional da
Vagabundagem”. “Os direitos humanos no Brasil só defendem bandidos,
estupradores, marginais, sequestradores e até corruptos”, declarou. E
acrescentou ataques à presidente Dilma Rousseff: “A Maria do Rosário
saiu daqui agora correndo. Por que não falou da sua chefe, Dilma
Rousseff, cujo primeiro marido sequestrou um avião e foi para Cuba,
participou da execução do Major alemão? O segundo marido confessou
publicamente que expropriava bancos, roubava bancos, pegava armas em
quarteis e assaltava caminhões de carga na Baixada Fluminense. Por que
não fala isso?”, indagou.
Bolsonaro ainda mencionou o caso do assassinato do prefeito Celso Daniel
(PT), de Santo André, e chamou a deputada de "mentirosa, deslavada e
covarde". "Vá catar coquinho. Mentirosa, deslavada e covarde. Eu ouvi
ela falando aqui as asneiras dela e fiquei aqui. Fale do teu governo, o
governo mais corrupto da história do Brasil", afirmou.
Depois da sessão, a deputada Maria do Rosário disse que a atitude do
Bolsonaro agredia não só a ela, mas a todas as mulheres, e fez um apelo à
direção da Câmara para que o “mantenha longe”. “Ele, de fato, agride a
todas as mulheres [com o seu discurso]. Eu só quero poder vir para a
Câmara dos Deputados, porque eu fui eleita, e trabalhar”, afirmou.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), criticou a
atitude de Bolsonaro e afirmou que o Parlamento tem que “dar o exemplo”
não só na política, mas no campo pessoal também. “A Câmara não pode ter
esse tipo de comportamento aqui. Tem que dar o exemplo aqui na relação
não só política, mas pessoal também”, afirmou.
G1
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