Novo medicamento curou 95% dos pacientes com hepatite C
Estudos
publicados no periódico científico New England Journal of Medicine traz
esperanças para portadores do vírus da hepatite C: um novo medicamento
testado em 2.300 pacientes promete curar até 95% das pessoas com
hepatite C. A droga foi submetida para aprovação da agência reguladora
brasileira, a Anvisa.
Resultado
do uso de moléculas inovadoras e cerca de dez anos de pesquisas, o
medicamento – que ainda não tem nome – foi considerado mais eficaz do
que os outros que já estão no mercado, como interferon e boceprevir
(usado quando o interferon não tem sucesso).
Os princípios ativos em aprovação precisam de cerca de 12 semanas para
fazer o efeito completo. Em pessoas com cirrose hepática, quando o
fígado está fibrosado, ele pode ser usado por 24 semanas (contra 48
semanas dos medicamentos atuais). E o melhor: os efeitos colaterais são
pequenos e foram bem tolerados pelos pacientes. O relatado foram
cefaleia, cansaço e fadiga, contra anemias e distúrbios psiquiátricos
(incluindo tendência ao suicídio) dos outros medicamentos disponíveis, o
que faz com que parte dos que fazem tratamento abandonem a terapia.
Os estudos foram feitos em vários países e, no Brasil,
uma espécie de teste em doentes terá andamento em 15 centros de
pesquisa que ainda não foram divulgados, pois estão em fase de
aprovação.
É importante saber, no entanto, que o novo medicamento não regride a
doença. “Alguns estudos dizem que, se a pessoa tiver cirrose, a doença
vai regredir um pouco. Outros estudos dizem que não, então é controverso
ainda”, explica José Eduardo Neres, diretor médico da farmacêutica Abbvie, sinalizando a importância do diagnóstico precoce.
No mundo, há 160 milhões de pessoas com o vírus. No Brasil, isso
representa 2% da população. Adquirida pelo sangue em transfusões,
seringas contaminadas, manicures, tratamentos odontológicos, tatuagem ou
em qualquer outro local em que não houver uma esterilização de
materiais eficaz, a hepatice C é silenciosa.
Ao adquirir a doença, a maioria das pessoas tem um quadro viral comum,
como uma gripe: dores no corpo e febre. O problema é que, depois disso,
até 85% das pessoas não conseguem eliminar o vírus naturalmente,
tornando-se pacientes crônicos. E, silenciosamente, o vírus ataca o
fígado e o lesa. Em uma média de 20 anos, pacientes podem chegar a um
grau alto de cirrose hepática, dependendo de transplante de fígado.
* A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Hepatologia para participar da 17.ª Edição do Congresso Hepatologia do Milênio.
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