Crise de identidade
Por Heron Cid
Na prática, essa é a tradução da opção pela postulação própria, apesar
de todos os riscos, e aos 45 minutos do segundo tempo. Não é que falte
ao PMDB cabeças pensantes e bons estrategistas. Pelo contrário, a
legenda tem veteranos na arte política. José Maranhão, que dispensa
apresentações, é um deles.
A questão é outra. O PMDB – hegemônico durante quase duas décadas de
poder na Paraíba – vive uma nítida fase de fim de um ciclo de liderança,
apogeu e força protagonista. De 90 pra cá, o partido disputou todas as
eleições estaduais. Quando não venceu e governou, liderou a oposição e
dividiu a Paraíba entre ele e os adversários.
Uma condição que se esvaiu pelos dedos nesta eleição. A polarização
arrasadora de Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima isolou o PMDB. Até
reagiu, mas quanto mais se mexeu mais o gigante foi se apequenando,
sangrando até chegar ao diagnóstico de morte cerebral com a retirada da
candidatura do ex-prefeito Veneziano Vital.
Situação completamente inesperada e longe das previsões dos seus líderes
assombrados por uma realidade nua e crua constatada: não possuem mais a
força dos últimos vinte anos. Ao acordar desse sono de falsas ilusões,
muitos se recusaram a reconhecer a própria fraqueza e admitir o novo
momento do partido e ainda insistem gritando no deserto o tamanho que já
não têm.
Essa crise de identidade levou o PMDB a escolher se abraçar a qualquer
saída que não fosse o reconhecimento de fragilidade. É hoje uma legenda
que para poder contar com um partido para chamar de aliado depende de
uma decisão judicial. Precisa dizer mais alguma coisa?
*Artigo publicado na coluna do jornalista no Correio da Paraíba, edição do dia 09/07/2014 (quarta-feira).
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