QUEM MAIS UNE OS CONTRÁRIOS É RICARDO COUTINHO
por Gilvan Freireh
Ricardo Coutinho vai ter que lotear o governo para adquirir
condições de disputar a reeleição. Ou seja: ninguém disputará com ele o
cargo de governador, e sim com o próprio governo, um organismo estatal
rico e poderoso administrado pelo candidato capenga que não tem
prestígio e força própria para ganhar uma eleição. É lastimável.
De um lado a situação demonstra que RC, após três anos e cinco meses
de mandato, fracassou no projeto de tornar-se líder e alcançar a
terceira via perante os eleitores do Estado, competindo com Cássio e Zé
Maranhão – uma alternativa que esteve mais para Veneziano até o dia em
que este entregou seu destino ao PT e sucumbiram os dois. Mesmo que,
agora, RC – apesar de ruim das pernas – estivesse um pouco a frente de
Veneziano, nestes primeiros momentos que antecedem o pleito, havia muita
expectativa de que Veneziano o ultrapassasse em breve tempo,
considerando que o descontentamento do povo com RC é monumental. Mas o
PT atrasou e complicou Veneziano, a ponto de reduzi-lo à menor expressão
de seu potencial. Culpa do próprio Veneziano e do PMDB, que aceitaram o
achincalhamento e a humilhação no lugar do apoio e da solidariedade. E
no lugar da reciprocidade. O PT é como alma, quem se envolve com ele se
assusta.
DE OUTRO LADO, COM O DESTROÇAMENTO DA CANDIDATURA DE VENEZIANO PELO
PT, que hoje já se alarma com a minguação da candidatura de Dilma e
corre para não perder o PMDB, RC se confronta com Cássio diretamente, a
fim de criar uma disputa real, ainda que muito desigual. De candidatura
para candidatura a de Ricardo Coutinho é pinto, porque ninguém entre os
líderes manifesta vontade, agrado ou orgulho de está a seu lado, sem os
adjutórios vindos do governo. É ai onde começa o despudor público por
cargos e favores do Estado, dados e recebidos com a mesma vergonha
reinante nos bacanais dos prostíbulos, cada um abraçado com seu pedaço
de prostituição. Nem há mais acanhamento ou escondimento: a carniça
moral é ostensiva e até parece um ato social festivo que compraz a todos
os que se banqueteiam. Mas tudo isso é corrupção escancarada com o uso
dos cargos e dinheiro público para fins claramente eleitorais, sem
disfarce ao menos. E não há censura, providência e protesto de ninguém.
Por isso há de se presumir que é prática assimilável pela população, e
não constitui falha nem sequer de natureza ética.
Mesmo assim, porque RC recorre a todos os expedientes irrecomendáveis
para salvar a pele, a opinião pública cada vez mais vai ficando
desapontada e ofendida com seus atos. Disso se aproveita Cássio para
construir seu favoritismo e rebanhar de volta os que já foram as suas
ovelhas de antes e meteram a boca na gamela de RC, gostaram da comida
mas não gostaram do pastorador. São muitos, afora os que vão entrar no
cocho agora para desertar depois. É uma imundice colossal.
Mas é o favoritismo de Cássio que lhe faz bem, a ponto de até os
adversários históricos lhe tecerem loas, fazerem afagos e gestos de
distensão. Os espíritos belicosos estão se abrandando, ainda que fiquem
sem explicações as contradições que possam gerar. Mas, em tempos de RC,
até inimigos se abraçam como se tivessem achado a ternura perdida e a
concórdia afugentada. E se é para resgatar uma afetividade sumida e para
restabelecer a paz amordaçada, tudo que partir do povo vale, até mesmo
uma proposta de pacificação entre Cássio, Maranhão e Veneziano. Se
passar por Campina, no resto passa. Por Araruna já passou. Só RC seria
capaz de unir quase toda a Paraíba contra si mesmo. É um fenômeno
político. E quando todos ganharem tudo, só ele terá perdido. É vero.
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