37% dos adolescentes do Nordeste cumprem medidas socioeducativas por roubo e outros crimes
Aline Martins
Na
Paraíba, 430 adolescentes e jovens cumprem medidas socioeducativas de
privação de liberdade em oito unidades de internação segundo informou a
Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente (Fundac). Uma
pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostrou que
92,7% dos brasileiros são favoráveis à redução da maioridade penal. Em
João Pessoa, alguns jovens entrevistados pela reportagem do Jornal
Correio também são a favor. No próximo sábado, haverá a eleição do
Conselho Estadual da Juventude da Paraíba (Cejup) – órgão que propõe
políticas de apoio a juventude. Conforme dados do Censo de 2010 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1.088.469
pessoas, entre os 16 anos e 29 anos, agrupam a juventude no Estado.
A
pesquisa Panorama Nacional A Execução das Medidas Socioeducativas de
Internação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) do ano passado mostrou
que 37% dos adolescentes e jovens do Nordeste atualmente cumprem medidas
socioeducativas por roubo, seguidos por furto (20%) e outros tipos de
crimes (19%). Ainda conforme esse estudo, 54% dos adolescentes reincidem
e retornam as unidades de internação no Nordeste. A pesquisa também
apontou que 80% dos internos são alfabetizados no Nordeste.
Para
a presidente da Fundac, Sandra Marrocos, a maioria dos adolescentes e
jovens na Paraíba cumprem medidas socioeducativas pelos crimes de
narcotráfico e homicídios. Ela também revelou que é contra a redução da
maioridade penal pelos fatores sociais e jurídicos. “Você não vai
resolver o problema do narcotráfico, das desigualdades sociais e da
criminalização reduzindo a maioridade. No Estatuto da Criança e do
Adolescente (Eca), já prevê medidas de ressociabilização que é entre
seis meses e 3 anos privados de liberdade”, afirmou, destacando que é
necessário a criação de políticas públicas eficazes, assim como a
divisão de riquezas.
Ainda
de acordo com Sandra Marrocos, os adolescentes e os jovens que estão
internos nas unidades do Estado participam de aulas diariamente porque
dentro dessas unidades existem escolas. Além disso, os internos ainda
podem participar de oficinas de percussão, teatro, circo, cursos
profissionalizantes e de ocupação.
Eleição para o Conselho será no sábado
A
eleição do Cejup ocorrerá no próximo sábado, no auditório 402 do Centro
de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal da
Paraíba (UFPB), a partir das 8h. O Conselho Estadual da Juventude da
Paraíba foi criado pela lei de número 7.801, de 25 de setembro de 2005. A
chapa inscrita precisa ser formada por representantes dos seguintes
segmentos da sociedade civil: estudantil público e privado, étnico
racial, mulheres, artístico cultural, desportistas, LGBT, religioso,
pessoa com deficiência, meio ambiente, meio rural, casa de estudantes ou
afins, sindical, redes e fóruns.
Segundo
a gerente Executiva da Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e
Lazer (Sejel), Joana D’Arck Ribeiro, o Cejup tem por objetivo formular
políticas de juventude, realizar conferências para debater assuntos e
propor iniciativas para criação de outros conselhos de juventude
municipais. “Pretendemos ainda fazer um mapeamento da juventude
paraibana, sabendo em que locais estão localizados. Sabemos que eles
podem ser encontrados nos skates, igrejas (evangélicas e católicas),
barzinhos e casas noturnas”, afirmou.
Ainda
de acordo com a gerente da Sejel, a juventude negra está sendo
criminalizada e por conta disso, o Conselho pretende colocar em prática
as políticas públicas em favor dessa categoria. “Em julho, o programa
Juventude Viva, uma parceria com o Governo Federal, será colocada em
prática. Será uma intervenção forte na juventude negra”, revelou.
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