Envelhecimento acelerado muda o mapa das doenças no Brasil e ajuda a debater etarismo, afirma educadores
O tema foi escolhido no ano em que o Brasil registrou um aumento significativo no número de idosos inscritos na prova: 17.192 participantes, 191% a mais do que em 2022. Os estados com mais representantes da terceira idade são Rio de Janeiro (3.087), São Paulo (2.367) e Minas Gerais (1.997).
O tópico sobre envelhecimento tem semelhança com o que foi proposto no Enem 2009: “valorização do idoso”. Naquele ano, o vazamento da prova causou o cancelamento do exame às vésperas da realização.
O Brasil vive uma transição silenciosa e profunda: a de um país jovem que envelhece rápido demais.
Um estudo do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) mostra que a população idosa dobrará em apenas 25 anos, um ritmo seis vezes mais veloz do que o registrado na França. Até 2031, haverá mais idosos do que crianças — um marco demográfico que desafia a estrutura social, econômica e sanitária do país.
O envelhecimento acelerado, que inspirou o tema da redação do Enem 2025 (“Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”), vem acompanhado de uma mudança preocupante no mapa das doenças: as enfermidades do envelhecimento – cardiovasculares, metabólicas e neurológicas – estão crescendo mais rápido do que a capacidade do sistema de saúde de lidar com elas.
O levantamento do IEPS, de 2023, revela que os idosos brasileiros vivem mais, mas acumulam múltiplas doenças crônicas, com destaque para hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer, AVC e demências.
Essas condições já consomem boa parte dos recursos hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS), e a sobrecarga recai também sobre as famílias — especialmente as mulheres, que, segundo o estudo, se tornam cuidadoras e acabam afastadas do mercado de trabalho.
A doença de Alzheimer, que tem a idade como maior fator de risco, cresce na esteira do envelhecimento acelerado.
O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, ajuda a promover debates atuais como violações de direitos e etarismo, que é o preconceito contra uma pessoa por causa de sua idade, segundo avaliam alguns professores.
Para a professora de redação Bárbara Soares, que atua em Brasília, o exame trouxe, mais uma vez, um tema relevante e atual, tendo em vista o envelhecimento da população e a necessidade de combate ao etarismo.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bianca Borges, defendeu que o tema provoca debate sobre os desafios para o acesso ao trabalho digno, para acesso à previdência social e à saúde pública de qualidade.
PB Agora com Agência Brasil
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