Comemorado em 21 de abril, o Dia de Tiradentes homenageia o herói nacional Joaquim José da Silva Xavier, o mártir da Inconfidência Mineira
O Dia de Tiradentes é comemorado em 21 de
abril, e é considerado um feriado nacional no Brasil, pois homenageia a
figura do herói nacional Joaquim José da Silva Xavier, popularmente
conhecido por “Tiradentes” (referência ao seu ofício de dentista), que
foi morto nessa data em 1792, é considerado um brasileiro que lutou pela
independência de Minas Gerais do domínio português.
Quem foi Tiradentes?
Tiradentes nasceu em 12 de novembro de
1746 na fazenda de Pombal, entre as cidades hoje chamadas de Tiradentes e
São João Del Rei, em Minas Gerais. Ele foi um dentista, comerciante,
minerador, militar e ativista político brasileiro, e atuava na época do
Brasil Colonial nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Tiradentes participou ativamente de um dos
principais movimentos de contestação do poder que a Coroa Portuguesa
exercia sobre o Brasil Colônia: a Inconfidência Mineira. Sabemos que
esse movimento deu-se entre os anos de 1788 e 1789 e foi permeado por
ideias provindas do Iluminismo, que se alastrou pela Europa na segunda
metade do século XVIII, sendo Tiradentes um dos principais
articuladores. Na Capitania de Minas Gerais, a conspiração visava
retirar o poder do Visconde de Barbacena.
Os inconfidentes de Minas Gerais
geralmente integravam, com exceção de poucos, a elite cultural e social
daquela região (como era o caso do poeta Tomás Antônio Gonzaga), ou
ocupavam postos militares ou exerciam profissões liberais, como era o
caso do referido Tiradentes. O que dava unidade ao grupo eram ideias
como a de liberdade e igualdade (ideias essas que também fomentaram
a Revolução Francesa, em 1789), além do anseio pela emancipação e
independência com relação à Coroa Portuguesa, à época governada
pela rainha D. Maria, “a louca”.
Os planos de insurgência contra o governo
local em Minas, representado pelo Visconde de Barbacena, foram
articulados em 1788 e tiveram como estopim a política de cobrança de
impostos sobre a produção aurífera e sobre os rendimentos que ganhava
cada pessoa que compunha a população de Minas Gerais. Esse último
imposto era conhecido sob o nome de “derrama”. Apesar de terem uma
organização bem elaborada, os inconfidentes acabaram delatados
por Silvério dos Reis, um devedor de tributos que, com a denúncia,
acreditava poder sanar suas dívidas com a coroa.
Por ser um dos principais articuladores do
movimento revolucionário, ao viajar para o Rio de Janeiro Tiradentes
foi capturado em 10 de maio de 1789 e condenado por traição à coroa
portuguesa quando a conspiração foi descoberta.
Todos os inconfidentes foram presos. O
processo estabelecido contra eles e os subsequentes julgamentos e
sentenças só terminaram em 1792, no dia 18 de abril. Os principais
líderes receberam a pena do banimento, isto é, foram expulsos do país.
Tiradentes, ao contrário, foi enforcado no dia 21 de abril ao som de
discursos que louvavam a rainha de Portugal. Seu corpo foi esquartejado e
sua cabeça exibida na praça principal da cidade de Ouro Preto.
Por que Tiradentes passou a ser considerado herói nacional?
Tiradentes foi reconhecido como herói
nacional e um mártir da Inconfidência Mineira, quando a República
brasileira foi instalada através de um golpe em 15 de novembro de
1889.Um dos primeiros atos do novo governo foi transformar a data em que
ele foi executado, 21 de abril, em uma festa cívica a ser celebrada nos
quartéis.
Evidentemente, o dia da morte de
Tiradentes por muito tempo foi compreendido como o dia em que um rebelde
foi morto, como típico exemplo de retaliação absolutista. Entretanto,
após a Independência do Brasil e, principalmente, após a Proclamação da
República (época em que o Brasil, já desvinculado de Portugal, procurava
construir sua identidade nacional), a imagem de Tiradentes começou a
ser recuperada e louvada como um dos heróis da nação ou como um dos que
primeiramente lutaram (até a morte) pela liberdade.
Um exemplo dessa imagem foi a instalação,
em 1867, do primeiro monumento a Tiradentes na cidade de Ouro Preto.
Outro exemplo, o mais notório, foi a confecção, por parte do pintor
Pedro Américo, do quadro “Tiradentes Esquartejado” em 1893, época em que
a República, recém-instituída, procurava os mártires e os patronos da
“nação brasileira”. O Tiradentes de Pedro Américo traduz a imagem
idealizada do martírio, que se aproxima do martírio de Cristo.
Essa visão republicana de Tiradentes
permaneceu (e, de certo modo, ainda permanece) no imaginário popular dos
brasileiros. Durante a primeira fase do regime militar no Brasil, o
marechal Castelo Branco, então presidente da República, contribuiu para o
reforço dessa imagem de Tiradentes, sancionando a Lei Nº 4. 897, de 9
de dezembro de 1965, que instituía o dia 21 de abril como feriado
nacional e Tiradentes como, oficialmente, o Patrono da Nação Brasileira.
Curiosidades:
Tiradentes foi enforcado e
posteriormente esquartejado, no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792.
Partes de seu corpo foram expostos nos principais centros urbanos do Rio
de Janeiro e Minas Gerais. A sua casa foi queimada, o terreno salgado e
todos os seus bens confiscados.
A prisão onde foi encarcerado é a atual
sede da Assembleia estadual do Rio de Janeiro e recebe o nome de Palácio
Tiradentes. Igualmente, a cidade onde nasceu mudou de nome e passou a
se chamar Tiradentes.
Durante a ditadura militar brasileira
(1864-1985), Tiradentes foi retratado como barba e cabelos compridos
para se assemelhar a Jesus Cristo. Mas é provável que tivesse a cabeça
raspada e o rosto barbeado, como era comum fazer para evitar os piolhos
entre os prisioneiros.
O nome de Tiradentes está escrito no
Panteão da Pátria e da Liberdade Brasileiro (conhecido como o “Livro dos
Heróis da Pátria”) desde 21 de abril de 1992
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