quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Querem aposentar a amarelinha

CAMISA VERMELHA: Bolsonarismo faz brasileiro recriar ‘nova’ camisa para a Copa do Mundo do Catar 2022

Bolsonarismo faz brasileiro recriar ‘nova’ camisa para a Copa do Mundo
Juliana Barreto optou por comprar uma camisa vermelha para torcer na Copa de 2022 - Foto: Arquivo Pessoal

A pedagoga Juliana Barreto gostava de carregar uma bandeira do Brasil quando assistia aos jogos da Copa do Mundo com amigos e parentes. Neste ano, depois de ver tantos estandartes verde-amarelos em manifestações políticas, resolveu fazer diferente.

“O atual governo sequestrou a nossa bandeira e a utiliza para se referir ao presidente. Tomei desgosto. Até a vontade de torcer pela Seleção em plena Copa acabou”, disse.

Foi com uma camisa vermelha, extraoficial, que a jovem de 26 anos arrumou um jeito de se sentir representada para acompanhar os jogos da Copa, que começa no dia 20, e torcer pelo hexacampeonato.

Entre outros efeitos, o bolsonarismo mudou o look da torcida da Copa este ano. Como Juliana, torcedores contrários ao presidente Jair Bolsonaro (PL) apostam em novas cores e modelos alternativos de camisas.

As opções vão desde customizar as blusas com novos símbolos e números até usar camisas pretas, brancas e – por que não? – vermelhas.

“A cor vermelha foi perfeita para isso, mas não só por ser a da oposição. Vermelho é uma cor quente, que significa paixão e energia”, pontuou Juliana Barreto. “E é isso que eu tenho: paixão pelo meu país e energia para lutar”, completou a pedagoga.

Ela comprou a camisa bem antes das eleições e já usou “nos mais diversos cantos”, segundo conta. “Virou meu xodó. Foi a minha companheira durante essa trajetória de luta e continuará sendo”, frisou.

Para o advogado Walter Lemos, de 45 anos, a “desilusão” com a Seleção Brasileira e com a camisa verde-amarela começou antes, em 2006. E a amarelinha foi oficialmente aposentada  pelo menos por enquanto – por divergências políticas. A escolha dele para acompanhar a Copa do Qatar também foi por um modelo vermelho.

O advogado acredita que, apesar da derrota de Jair Bolsonaro nas urnas, derrubar o que ele chama de “apropriação” das cores da bandeira não vai ser fácil. “O símbolo [camisa amarela da Seleção] acabou virando uma representação de algo antidemocrático”, observou.

A mistura de significados fez até a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) encabeçar uma campanha institucional para desvincular a imagem da amarelinha do cenário político. A peça publicitária usa a música ’Tão bem’, de Lulu Santos, “para mostrar que todos podem se sentir bem com a camisa da seleção”, disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Paraíba Já

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