quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Atrasado, Bolsonaro responde críticas do arcebispo de Aparecida

Presidente Jair Bolsonaro responde atrasado a críticas de Dom Orlando Brandes e afirma que antes no Brasil “só bandido tinha arma de fogo”

O presidente Jair Bolsonaro 22/05/2020 Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS
O presidente Jair Bolsonaro 22/05/2020 - Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) voltou na manhã da última quarta-feira (13) a defender o armamento da população e pautas negacionistas em relação à pandemia da Covid-19, durante discurso no município paulista de Miracatu (138 km de São Paulo).

As manifestações foram feitas em resposta a afirmações do Arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, em missa no feriado de 12 de outubro.

Em Aparecida, o arcebispo pregou: “Vamos abraçar os nossos pobres e também nossas autoridades para que juntos construamos um Brasil pátria amada. E para ser pátria amada não pode ser pátria armada”.

O religioso fez alertas sobre o armamento da população, o discurso de ódio e as notícias falsas e defendeu a ciência e a vacinação contra o coronavírus.

No mesmo dia, Bolsonaro esteve no Santuário Nacional Aparecida, onde foi recebido com aplausos e vaias e ouviu um sermão com referências à situação atual do país, incluindo o desemprego e a pandemia.

Em resposata, Bolsonaro disse que respeitava a opinião do religioso, mas afirmou que antes no Brasil “só bandido tinha arma de fogo”.​

“Respeito os bispos, respeito a todos que tenham uma posição diferente da minha. Não é porque quando eu não quero uma coisa, eu acho que ninguém pode ter o direito de querê-lo”.

“Nós devemos nos preocupar com a nossa liberdade, o bem maior de uma nação. Sem liberdade, não há vida. Mais importante que a própria vida, é a liberdade.”

Quanto ao tema da crise de saúde decorrente da pandemia, que também foi objeto de críticas por parte de religiosos nas pregações em Aparecida, Bolsonaro voltou a atacar governadores e prefeitos que adotaram as medidas restritivas preconizadas pela autoridades médicas.

“Talvez eu tenha sido o único chefe de Estado, do mundo todo, que teve a coragem de se insurgir contra essa política do “fique em casa”, contra os fechamentos, contra o lockdown, contra medidas restritivas, e atualmente também contra a vacinação obrigatória”, afirmou.

Na ocasião, Bolsonaro participava de cerimônia de entrega de títulos definitivos e provisórios de propriedade rural para famílias assentadas no estado.

Antes do início do evento, o presidente, sem máscara e sem manter o distanciamento recomendado pelas autoridades da saúde, passou pela plateia para cumprimentar o público.

Participaram da cerimônia também a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, o secretário especial de Assuntos Fundiários, Nabhan Garcia, e o presidente do Incra, Geraldo Melo Filho.

O presidente visitou a cidade na qual o irmão dele, o comerciante Renato Bolsonaro, atua como chefe de gabinete do prefeito, Vinícius Brandão de Queiroz, conhecido como Vinícius do Iraque (PL). Renato mora na cidade e tem lojas de móveis na região do Vale do Ribeira, a mais pobre do estado de São Paulo.

O irmão do presidente foi o principal cabo eleitoral de Vinícius do Iraque, eleito com 4.814 votos (45,17% do total apurado). Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Miracatu tem cerca de 20 mil habitantes.

O prefeito discursou na cerimônia e afirmou que Jair Bolsonaro foi o primeiro presidente da República a visitar a cidade e participar de um evento no município.

Sem poder sair candidato devido a restrições legais para a candidatura de parente direto do presidente da República, Renato Bolsonaro se tornou o grande nome da política do Vale do Ribeira intermediando verbas federais para aliados das prefeituras locais.

Fonte: Folha

Nenhum comentário:

Postar um comentário