Pesquisadores
da Unicamp vão mapear, pelos próximos três anos, alterações causadas
pela Covid-19 em pacientes que desenvolveram quadros considerados leves
da doença. Um resultado preliminar do estudo com dados de 200 dos 1 mil
voluntários mostra que, em 75% dos casos, os sintomas persistiram mesmo
quando o diagnóstico havia sido feito há mais de dois meses. Entre os
principais problemas relatados estão fadiga, dor de cabeça, alteração da
memória e perda de olfato.
Para a neurologista Clarissa Yasuda,
coordenadora da pesquisa, os dados sugerem que mesmo pacientes que não
precisaram de internação após o diagnóstico da doença causada pelo novo
coronavírus terão de passar por reabilitação.
“O sistema de saúde
vai ter de se adaptar, a poder receber e ajudar essas pessoas que estão
sofrendo tanto quanto os mais graves. As limitações de trabalho e de
vida diária são bem intensas”, diz.
Sintomas que mais persistem, segundo entrevistados da pesquisa
Fadiga: 40%
Dor de cabeça: 20%
Alteração de memória: 20%
Alteração de paladar: 15%
Para o trabalho, os pesquisadores
Departamento de Neurologia da Universidade Estadual de Campinas (SP)
realizam uma bateria de exames, que inclui testes laboratoriais e de
imagem, como ressonância magnética, além de questionário com os
sintomas.
Segundo Clarissa, foram identificadas alterações
cerebrais, com maior impacto na conectividade cerebral. Apesar isso, a
coordenadora considera cedo tratar as mudanças e sintomas relatados como
sequelas da Covid-19.
“Eu acho que sequela é muito forte, dá
impressão que isso não vai passar, que é para sempre. Que eles estão
muito sintomáticos e se queixam de várias coisas ao mesmo tempo, isso é
fato. Quanto tempo isso vai durar, só o tempo pra gente dizer e só
estudando para a gente saber”, diz.
“Se as alterações
cerebrais são passageiras ou permanentes, também eu preciso repetir isso
daqui um tempo, fazer os mesmos testes, e ver se isso sumiu”,
complementa a cientista.
Sintomas
O
encanador Milton Crispino Teixeira, de 43 anos, é um dos voluntários da
pesquisa realizada pela Unicamp, e considera o trabalho importante não
só para esclarecer suas dúvidas e problemas, mas para que outras pessoas
entendam o impacto da doença.
Mesmo recuperado há mais de um mês,
sofre com o cansaço e as dores, os principais sintomas relatados pelos
voluntários da pesquisa.
“Dor de cabeça forte, dor nas pernas, principalmente na perna esquerda. Principalmente quando vai subir escadas”, conta Milton.
A relação de queixas, no entanto, é ainda maior. Em alguns casos, pacientes relataram, inclusive, alteração de libido.
“Eles se queixam principalmente de dor de cabeça, fadiga, estão se
queixando muito de alteração de memória, dificuldade de fazer atividade
que fazia anteriormente, e também alguns deles se queixam de alteração
de olfato, de paladar, e além disso tem uma série de outras queixas
menos frequentes, incluindo, por exemplo, alteração de libido”, relata
Clarissa.
Fonte: G1 - Créditos: Polêmica Paraíba - Publicado por: Suedna Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário