MARCO NEGATIVO: Brasil está entre 6 países que passaram barreira dos 10 mil mortos por Covid-19
O
Brasil registrou até o momento mais de 10 mil mortos por complicações
do novo coronavírus (Sars-Cov-2) desde que o primeiro caso no país foi
relatado em março, segundo o levantamento das secretarias estaduais de
Saúde da sexta-feira (9).
A Covid-19 matou 10.017 pessoas no
Brasil, o que coloca o país como o sexto com mais mortes por causa da
doença, atrás dos Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Espanha e França.
A primeira morte oficial pelo novo coronavírus no Brasil aconteceu há
53 dias. Desde registro inicial, o país chegou a mais de 146 mil
infectados.
Assim como o Brasil, outros países viram o número de
casos e mortes aumentar e integram o grupo com mais de 10 mil vítimas da
Covid-19. Em todos eles, medidas foram tomadas para conter o avanço da
doença, embora posturas contra o isolamento social tenham sido comuns:
Com
quarentena menos rígida no início da epidemia, a Itália viu o seu
número de mortos crescer rapidamente e chegou a se tornar o epicentro da
doença na Europa.
O Reino Unido demorou para apresentar uma
resposta eficaz à doença e apostou em formas alternativas de combate,
como a imunização de rebanho e se tornou o país com mais mortes no
continente.
A Alemanha demorou mais tempo que a Itália para
colocar em práticas medidas de distanciamento social, mas a boa
preparação do seu sistema de saúde ajudou a garantir uma letalidade mais
baixa e o país já planeja sua reabertura.
Os EUA demoraram a
implementar ações de isolamento e, quando foi feita uma testagem em
massa, o país apareceu como o novo epicentro da doença no mundo.
Quando
a Espanha se tornou um dos países mais afetados pela Covid-19, o
governo espanhol decidiu decretar emergência e tornar o isolamento
obrigatório.
Previsto para durar inicialmente apenas 15 dias, o
governo da França estendeu o isolamento para no mínimo 6 semanas por
conta do avanço da doença no país.
Pesquisadores que acompanham o
surto de coronavírus pelo mundo (leia mais abaixo) fazem a ressalva de
que o índice de casos confirmados nos países depende da política de
testes adotada em cada um deles – e também da quantidade de equipamentos
à disposição.
Além disso, os especialistas reforçam que cada país
tem um cenário específico de combate à pandemia e que medidas de
contenção têm que levar em conta as especificidades locais.
Veja, abaixo, os marcos dos países com mais vítimas da Covid-19:
Brasil
17/03 – Primeira morte é confirmada em São Paulo
08/05 – Pico diário de mortes (827; pela contagem do Ministério da Saúde, foram 751)
08/05 – O país chega aos mais de 10 mil casos
O
Brasil completou mais de 10 mil mortes enquanto começou a ter medidas
mais severas de isolamento em zonas que já vivenciam uma sobrecarga no
sistema de saúde, como cidades do Norte e do Nordeste do país.
Na
terça-feira (5) o governo do Pará decretou lockdown na capital, Belém, e
em outras grandes cidades do estado. Na Região Nordeste, Maranhão e
Ceará também decretaram medidas similares. Em São Paulo, estado onde
houve a primeira confirmação de Covid-19 no país, as medidas de
distanciamento social e o fechamento de comércios não essenciais foram
prorrogadas.
O
Ministério da Saúde afirma que não há como saber exatamente quantas
pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus no país. Sem a testagem
em massa, boa parte dos portadores assintomáticos ou com sintomas leves
não chega a ser testada e a prioridade é para os pacientes graves.
França
15/03 – Primeira morte na França
07/04 – Pico diário de mortes (1.417)
07/04 – O país registra 10.328 mortes
A França
registrou sua primeira morte por Covid-19 em 15 de fevereiro. O pico
diário de casos aconteceu 53 dias depois, e em 24 horas o país
contabilizou 1.417 mortos – no mesmo dia em que ultrapassou a marca das
10 mil mortes.
O país europeu chegou a estender o prazo das
medidas de isolamento para conter o avanço da doença e, por conta dos
bloqueios, a França viu uma queda nas hospitalizações e já anunciou a
reabertura de colégios a partir de segunda-feira (11).
Espanha
03/03 – Primeira morte confirmada na Espanha
02/04 – País registra pico diário de mortes (1.417)
02/04 – O país chega chega as 10.328 mortes
Em
3 de março, a Espanha registrou sua primeira morte por complicações da
Covid-19, apenas um mês depois o país já contabilizava 10.348. No mesmo
dia, em 2 de abril, ela atingiu o pico de mortes, registrando 961
vítimas em 24 horas.
O
país foi um dos que tomou as medidas de isolamento mais controladas de
todo o continente europeu. Com a queda no número de infectados e a
redução nas contagens diárias de mortes o país já começa a se reabrir
gradualmente.
No domingo (3) os residentes puderam sair de casa para
caminhar e praticar esportes individuais, pela primeira vez em mais de 1
mês.
Itália
23/02 – Primeira morte confirmada na Itália
27/03 – Pico de mortes (919)
28/03 – Chegou a 10.023 mortes na Itália
Por
muito tempo o país mais afetado da Europa, a Itália teve sua primeira
morte em 21 de fevereiro. quase 5 semanas depois o país já ultrapassava
as 10 mil vítimas do novo coronavírus. Um dia depois de atingir o pico
diário de 919 mortes, o governo italiano contabilizou 10.023 vítimas da
Covid-19.
O país demorou para responder à emergência além de
impedir que governos regionais tomassem medidas de isolamento
individuais. A decisão afetou a forma com que o país enfrentou a
epidemia e até o dia 9 de maio, a Itália registrava mais de 30 mil
mortes.
Reino Unido
06/03 – Primeira morte confirmada no Reino Unido
10/04 – O país chega a 10.760 mortes
21/04 – Pico de mortes no Reino Unido (1.172)
Inicialmente
o país optou por um isolamento vertical e apostou na imunização de
rebanho, mas voltou atrás ao ver as projeções de casos e mortes aumentar
no país que ultrapassou a Itália e se tornou o com mais casos em toda a
Europa, são até o momento mais de xxxx mil mortes.
O Reino Unido
contabilizou sua primeira morte em 6 de março, e pouco mais de 1 mês
depois já marcava as 10.760 vítimas. O pico aconteceu dias depois, em 21
de abril, quando o país registrou 1.172 mortes em apenas 24 horas.
Estados Unidos
29/02 – Primeira morte confirmada nos Estados Unidos
04/04 – O país tem 10.855 mortes
29/04 – Pico de mortes (2.612)
Os
Estados Unidos registraram sua primeira morte no final de fevereiro,
mas em apenas 36 dias o país ultrapassava as 10 mil. Em 4 de abril, o
governo norte-americano anunciava a contagem de 10.855 mortes, mas ainda
estava longe de chegar ao pico da doença até o momento.
Em 29 de
abril o país teve o maior número diário de mortes, com 2.612, mas os
Estados Unidos estão há mais de 1 mês com uma contagem diária acima das
1.000. A maior parte das vítimas, mais de 25 mil, se concentra na cidade
de Nova York que viu um colapso no seu sistema de saúde e funerário.
O
presidente Donald Trump mudou seu discurso diversas vezes durante a
epidemia e chegou a dizer que iria pôr fim às medidas de isolamento nos
EUA antes da Páscoa. Ele voltou atrás e garantiu que não acabaria com as
medidas “de forma precipitada”. O país tem hoje mais de xxxxx milhão de
casos confirmados da doença.
Subnotificação e governança
O
professor da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, Domingos
Alves, disse ao G1 que, no Brasil, a subnotificação dificulta o
acompanhamento da epidemia e o desenvolvimento de políticas de combate e
proteção.
“O governo tem que começar a liberar dados mais
fidedignos, mais estruturados para que se possa fazer o acompanhamento
da epidemia” – Domingos Alves, professor da FMRP.
Ele ainda estima que as mortes no país já estejam em mais de 10 mil.
Para
o ex-diretor do Instituto Adolfo Lutz e epidemiologista da Faculdade de
Saúde Pública da USP, Eliseu Waldman, os altos índices dos EUA são
inesperados mas que acompanham, segundo ele, uma má-governança do país.
“Não
se esperava inicialmente que a pandemia alcançasse os resultados nas
dimensões que tem alcançado nos EUA” – Eliseu Waldman, epidemiologista.
Ele
justifica a surpresa porque, ao ser uma das maiores economias do mundo,
e ter um sistema de vigilância em saúde bastante efetivo, o esperado
era que a resposta dos EUA fosse eficaz. Mas o pesquisador ressalta que
um dos pontos fracos do país é seu sistema de saúde não universal.
Waldman
também destacou que a Bélgica, um país pequeno e com boa estrutura de
saúde, se arriscou a princípio ao não tomar medidas mais fortes de
controle e isolamento. Para ele, esse também é um dos motivos que
colocou o país entre os mais afetados em toda a Europa.
G1 - Publicado por: Fabricia Oliveira
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