Sem espaço para enterrar as vítimas da Covid-19, Prefeitura de Manaus empilha caixões em vala comum
As primeiras imagens dos enterros coletivos, que rodaram o mundo, foram feitas pelos próprios familiares
© Reuters
RIO DE JANEIRO, RJ
(FOLHAPRESS) - Diante do colapso no sistema de saúde e de uma explosão
no número de enterros, a Prefeitura de Manaus está empilhando caixões em
uma vala comum para poder dar conta de todos os sepultamentos das
vítimas do novo coronavírus.
Há uma semana, a prefeitura passou a enterrar os
corpos um ao lado do outro, em uma vala comum no cemitério Nossa Senhora
Aparecida, no bairro Tarumã.
Desde então, o número de mortes
continuou a aumentar, e a prefeitura decidiu abrir uma cova mais funda
para permitir o sepultamento em camadas, ou seja, o empilhamento dos
caixões.
Antes da pandemia, o cemitério realizava cerca de 30 enterros por dia. Na última semana, esse número triplicou e, neste domingo (26), chegou ao pico, com 142 sepultamentos. A prefeitura projeta que mais de 4.000 pessoas devem ser enterradas no mês de maio.
Antes da pandemia, o cemitério realizava cerca de 30 enterros por dia. Na última semana, esse número triplicou e, neste domingo (26), chegou ao pico, com 142 sepultamentos. A prefeitura projeta que mais de 4.000 pessoas devem ser enterradas no mês de maio.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram familiares criticando e questionando a necessidade de empilhamento dos caixões.
"O espaço que tem para enterrar é esse. Acabou esse espaço, não vai ter para enterrar mais ninguém", diz um policial militar a familiares das vítimas da Covid-19 em uma gravação.Em outro vídeo, uma pessoa mostra uma cova funda e diz: "Essa aqui é a vala que eles vão enterrar três, um em cima do outro".
"O espaço que tem para enterrar é esse. Acabou esse espaço, não vai ter para enterrar mais ninguém", diz um policial militar a familiares das vítimas da Covid-19 em uma gravação.Em outro vídeo, uma pessoa mostra uma cova funda e diz: "Essa aqui é a vala que eles vão enterrar três, um em cima do outro".
Para tentar reduzir o número de sepultamentos,
a Prefeitura está arcando com os custos da cremação dos corpos, para
famílias que estejam de acordo com essa alternativa.
No sábado
(25), jornalistas foram barrados de entrar no cemitério. O prefeito de
Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), restringiu o acesso da imprensa ao
cemitério após reportagem da Folha de S. Paulo mostrar aglomeração de
familiares e coveiros sem EPI (equipamentos de proteção individual) em
enterros de vítimas da Covid-19, contrariando orientação do Ministério
da Saúde.
Na terça-feira (21), em meio à explosão no número de enterros, a prefeitura de Manaus proibiu a entrada de jornalistas nos cemitérios municipais alegando "consecutivos conflitos entre familiares e a imprensa". Nesse mesmo dia, passou a enterrar mortos pela Covid-19 numa vala comum.
Na terça-feira (21), em meio à explosão no número de enterros, a prefeitura de Manaus proibiu a entrada de jornalistas nos cemitérios municipais alegando "consecutivos conflitos entre familiares e a imprensa". Nesse mesmo dia, passou a enterrar mortos pela Covid-19 numa vala comum.
As primeiras imagens dos enterros coletivos, que
rodaram o mundo, foram feitas pelos próprios familiares. Alguns
fotógrafos furaram o bloqueio, e outros usaram drones.
Na
quinta-feira (23), após negociação com o Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Amazonas, a prefeitura limitou a presença da imprensa
das 9h às 11h, de segunda a sexta-feira. Além disso, apenas
cinegrafistas e fotógrafos têm permissão para entrar no cemitério Nossa
Senhora Aparecida.
Em novo comunicado, a prefeitura comandada por
Virgílio Neto disse que a decisão foi "pautada pela ética e pelo
jornalismo cívico, voltado ao interesse do cidadão" e voltou a dizer que
o motivo da restrição ocorreu "por conta de conflitos registrados entre
os profissionais e os familiares".
Com todos os leitos públicos
de UTI ocupados, o Amazonas já contabilizou 3.928 casos confirmados do
novo coronavírus e 320 mortes em decorrência da Covid-19. Manaus
concentra 2.738 das infecções e 256 mortes.
Notícias ao Minuto
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