CORONAVÍRUS: No pior cenário, pelo menos 10 mil presos podem precisar de UTI no Brasil
Pelo
menos dez mil presos podem precisar de internação em unidades de
terapia intensiva (UTI) em hospitais de todo o país, devido a
complicações decorrentes da Covid-19, caso se repita no Brasil o mesmo
cenário de propagação da doença observado em países asiáticos e
europeus.
“Tomando como referência os acontecimentos nos países
asiáticos e europeus, se o cenário de lá se repetir no Brasil, estima-se
que 80% da população carcerária seja contaminada pelo vírus, a maioria
de forma branda ou assintomática; desses, estima-se que cerca de 20%
pode precisar de internação e que desses, estima-se que 8% pode precisar
de leito de UTI”.
A afirmação é da juíza Leila Cury, da Vara de
Execuções Penais do Distrito Federal, em ofício enviado ao ministro
Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal.
Os percentuais
citados pela magistrada são baseados em informações técnicas do
infectologista Luiz Antônio Teramussi, membro das equipes de saúde
prisional da Secretaria da Saúde do Distrito Federal. Lá, um agente
penitenciário que trabalha na Papuda recebeu ontem diagnóstico positivo
para covid-19.
Considerando que a população carcerária do país
gira em torno de 800 mil detentos, de acordo com dados do CNJ (Conselho
Nacional de Justiça), o UOL chegou à estimativa de 10 mil presos citada na reportagem.
Números desencontrados
Segundo números oficiais divulgados pelas autoridades, não há diagnóstico de coronavírus entre detentos até o momento.
Porém,
começam a surgir relatos sobre presos internados em hospitais com
problemas respiratórios em diversos estados e de mortes cujas causas não
foram identificadas. Informações desencontradas divulgadas pelos órgãos
prisionais indicam também uma possibilidade de subnotificação que
poderia chegar a níveis alarmantes.
Presos com problemas
respiratórios já ocupam leitos de UTI. Pelo menos um detento da
Penitenciária I de Mirandópolis, no interior paulista, ficou internado
em um leito do tipo no hospital público da cidade, entre os dias 17 e 30
de março, informou um juiz paulista em ofício ao ministro Lewandowski.
Ele permanece isolado na enfermagem até que o resultado do exame para
covid-19 seja conhecido. Há outros três sentenciados na cidade que foram
internados no mesmo hospital.
A SAP (Secretaria de Administração
Penitenciária) de São Paulo informou que 86 servidores foram afastados
por suspeita de coronavírus e que não há caso confirmado entre presos e
funcionários do sistema. A informação contraria declaração do titular da
pasta, Nivaldo Restivo, que afirmou à imprensa no último dia 23 que um
agente penitenciário de Praia Grande (SP) testou positivo para
coronavírus.
“A todo momento surgem relatos de casos e de presos e
de agentes que apresentam sintomas semelhantes à covid-19. Mesmo
determinado pela Justiça, a maioria das prisões não recebeu kits de
máscaras e álcool em gel para o trabalho dos funcionários”, diz Fábio
Ferreira, presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional
do Estado de São Paulo.
Relatos de mortes de presos com problemas
respiratórios, sem que a causa fosse diagnosticada, surgiram em Minas
Gerais, Rio de Janeiro, e no próprio estado de São Paulo.
Fonte: UOL - Publicado por: Larissa Freitas
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