quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Treze médicos pedem demissão da UPA, em Princesa Isabel

POR QUESTÕES SALARIAIS, MÉDICOS DA UPA, EM PRINCESA ISABEL, SE DEMITEM E EMITEM NOTA ESCLARECENDO OS MOTIVOS


Não bastasse a insatisfação dos usuários dos serviços públicos de saúde, fato conhecido por todos e constante pauta de noticiários, os próprios médicos e outros profissionais da área também sofrem com a situação, ao ponto de não faltar quem afirme que o setor está sucateado. Falta, pois, prioridade para repassar recursos para saúde, um dos pontos mais importantes, que não recebe o investimento adequado e nem a atenção que precisa. Para qualquer lado que se olhe na saúde pública, o cenário é o caos. Um problema crônico, por culpa não só dos governos federal, estaduais e municipais que hoje estão administrando, mas algo que vem de muitas décadas, de gestões passadas, agravadas com desvios do dinheiro público. 
O curso de medicina continua sendo o mais procurado e concorrido nas universidades, mas isso pode diminuir com o tempo, pois as condições de trabalho estão cada vez piores, o que desanima quem já trabalha no setor e quem ainda pretende entrar.
Os salários são ruins e os planos de carreira piores ainda, não só para os médicos, mas para todos os funcionários dentro das instituições de saúde. A falta de investimentos e compromisso com o pagamento pelos serviços prestados faz com que os profissionais se sintam desestimulados e cheguem ao ponto de se demitirem, como agora aconteceu em Princesa Isabel, no Sertão da Paraíba.
Nesta terça-feira, 11 de fevereiro, uma nota emitida por 13 médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h), em Princesa, foi enviada ao Blog JURU EM DESTAQUE para dar ciência a população da região sobre o pedido de demissão que eles fizeram, alegando redução de salários e falta de pagamento de alguns meses do ano passado, entre outros motivos.
Os profissionais que prestavam serviços à população na unidade de saúde de Princesa Isabel iniciam a nota citando os recentes escândalos de corrupção investigados pela Operação Calvário, que foi desencadeada no dia 14 de dezembro de 2018 para investigar núcleos de uma organização criminosa, gerida por um empresário que se valeu da Cruz Vermelha Brasil  – filial do Rio Grande do Sul (CVB/RS) e do Ipcep como instrumentos para a operacionalização de um esquema de propina no Estado da Paraíba. A organização seria responsável por desvio de recursos públicos, corrupção, lavagem de dinheiro e peculato, através de contratos firmados junto a unidades de saúde do Estado.
Na nota, os médicos esclarecem que outras categorias não fizeram o mesmo que eles, demitindo-se, por questão de necessidade financeira e vulnerabilidade das funções que exercem. 
Eles finalizam a nota ressaltando a disposição de conversar com a Secretaria Estadual de Saúde sobre a situação.
Veja a íntegra da nota: 
Nota dos médicos da UPA de Princesa Isabel ao Povo de Princesa Isabel e região!
"Como todos sabem, em razão dos recentes escândalos de corrupção elucidados pela Operação Calvário, o Governo do Estado da Paraíba rescindiu contrato com as Organizações Sociais que administravam alguns serviços de saúde do Estado, entre eles a UPA de Princesa Isabel.
Através dessa nota, queremos divulgar para toda a população, que o Estado da Paraíba reduziu o salário de TODOS os funcionários da UPA: médicos, equipe de enfermagem, administração, recepção, serviços gerais. Reduziu para TODOS.
Nosso questionamento é que antes, o Estado repassava o dinheiro para uma organização social, que era responsável por pagar nossos salários. Agora que não tem mais organização social (instituição atravessadora), nosso salário diminuiu, em alguns casos pela metade. Diminuiu o salário, mas a escala de trabalho é exatamente a mesma.
Como explicar isso? Se vai pagar diretamente ao funcionário, porque não pelo menos manter o que cada funcionário recebia?
Outro fato: os médicos estão sem receber os salários de fevereiro e março de 2019. E os funcionários não receberam a rescisão de contrato que tiveram em março de 2019, quando a empresa ABBC saiu e a empresa Acqua entrou na administração da UPA.
Lembrando aqui, que o estado é co-responsável pelo pagamento dos funcionários, pois tinha poder pra intervir na situação. O Estado da Paraíba até hoje não se posicionou sobre essa questão da ABBC.
Tentamos negociar com o Estado a situação salarial, para pelo menos manter o mesmo salário para todos, mas não fomos ouvidos. Por isso a decisão de demissão coletiva.
13 médicos já se demitiram. Temos certeza que as outras categorias não fizeram o mesmo por questão de necessidade e fragilidade.
Estamos dispostos a conversar com a Secretaria Estadual de Saúde sobre nossa situação.
Que Deus abençoes a todos!"
André Souza
Messias Mendes
Mayara Leite
Agra Simão
Ebenone Antônio
Jailson Santos
Jailson Paixão 
Marcelo Alves
Erivaldo Romão
Hicaro
Nadjane
Bianca Parente
Davis

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