Aos 70 anos, ela realizou sonho de casar na igreja: ‘Nunca é tarde para acreditar’
“Casei
 aos 70 anos. Quando eu vi as fotos, foi exatamente como eu sonhava desde
 criança, cada detalhe. Nunca é tarde para acreditarmos na realização 
dos nossos sonhos”.
Essa é a lição que a aposentada Helena 
Gonçalves, de 70 anos, quer deixar depois de alcançar um desejo que 
nutria desde a infância: casar de branco, com vestido de noiva e na 
igreja. Ela celebrou em fevereiro sete meses da união com o marido 
Manoel Domingos Furtado, de 56 anos, e diz viver um conto de fadas.
Em
 conversa com Universa, Helena demonstrou orgulho de nunca ter desistido
 de buscar o que queria. Ela casou pela primeira vez aos 16 anos, porém a
 cerimônia ocorreu apenas em cartório. Ficou viúva aos 24 anos e, com 
três filhos para criar, no interior do Maranhão, não se relacionou com 
outra pessoa por 46 anos.
“Tenho 70 anos e desde criança eu tinha 
esse sonho de casar na igreja. Sabe aquele sonho de mocinha? Foi assim. 
Casei no civil, mas nunca levei em conta porque, para mim, casamento 
deveria ser na igreja”, relata.
Na saúde e na doença antes do casório
Helena e Manoel fizeram o juramento em 2 de junho de 2019, na presença de 150 convidados.
Ela
 conta que conheceu Manoel numa situação adversa. Quando passava por uma
 rua, o viu passando mal em uma cadeira debaixo de uma árvore. Parou e 
não pensou duas vezes em ajudá-lo. Levou para uma Unidade de Pronto 
Atendimento (UPA) de Porto Velho e com ele recebeu o diagnóstico: dengue
 hemorrágica.
Manoel, que é mecânico de máquinas pesadas, não tem 
família em Porto Velho. Ele trabalhava em uma oficina em um galpão 
alugado de Helena. Sem ter para onde ir ao sair do hospital, ela o 
estendeu a mão.
Ambos moraram sob o mesmo teto por quatro meses, 
em quarto separados. Segundo ela, da amizade nasceu uma paixão, que 
depois virou amor. Romperam a relação de amigos em 2016 e desde então 
nutrem a de casal. “Vi que é um bom homem, bem trabalhador e me ajudava 
muito. Quando percebi, já estávamos nos envolvendo”, conta ela.
Incentivo da família
A
 família de Helena foi a maior incentivadora do relacionamento, diz ela.
 Os filhos, que perderam o pai ainda quando eram crianças, não 
demonstraram resistência. Atualmente, os biológicos têm 50, 48 e 46 
anos. Mesmo viúva, ainda adotou mais um, hoje com 30 anos. “Meus filhos 
passaram a gostar mais dele do que de mim. Eles me incentivaram muito em
 realizar este sonho”, brinca, rindo.
O
 primeiro marido de Helena morreu de malária, no interior do Maranhão. 
Depois de dez anos da morte dele, ela decidiu mudar, em 1983, para 
Rondônia, que à época enfrentava o apogeu migratório em decorrência da 
mudança da condição político-administrativa de Território Federal para 
uma Unidade da Federação (UF). “Era o lugar que achava que poderia me 
dar melhores condições de vida”, lembra.
De fato, Helena e os 
filhos conquistaram condições melhores. Ao chegar a Porto Velho, ela 
trabalhou em um hospital flutuante como técnica em enfermagem, juntou 
dinheiro e chegou a comprar quatro dragas em garimpos de ouro às margens
 do rio Madeira. Perdeu tudo com a crise econômica no início dos anos 
1990, mas conseguiu manter alguns bens.
No Maranhão, um dos 
motivos para não se casar como primeiro companheiro, segundo conta, era a
 falta de dinheiro para a festa. “Meu marido e nossos pais não tinham 
dinheiro, e acabou passando.”
Casamento com dinheiro de indenização
Ano
 passado, depois de encontrar a pessoa que considerava a ideal para 
celebrar um matrimônio, o dinheiro surgiu de onde menos esperava: uma 
indenização.
Helena tinha um terreno em Porto Velho que foi 
inundado pela construção da Usina Hidroelétrica de Jirau, em operação 
desde 2013. A indenização saiu no primeiro semestre de 2019, no valor de
 R$ 50 mil. Desse montante, R$ 20 mil foram usados no casamento, para 
tudo sair do jeito que ela sonhava. Somente o buquê, por exemplo, custou
 R$ 500.
Com o restante da indenização, Helena terminou a casa 
para morar com o marido e comprou um carro. Além do buquê, teve comida e
 bebida à vontade aos convidados, aluguel de um salão de festas, vestido
 de noiva, decoração, dia de beleza, alianças e música. A cerimônia 
aconteceu na Assembleia de Deus da Missão, do bairro Areal da Floresta, 
de Porto Velho, a mesma que ela frequenta.
“A gente não tinha 
dinheiro. Queria R$ 50 mil para o casamento. Deus me honrou com esse 
dinheiro e realizamos o nosso sonho, compramos um carro e terminamos a 
nossa casa. Foram 150 convidados em um salão de festa em Porto Velho. 
Ficamos dois meses organizando tudo”, comemora.
Missão agora é formar-se na faculdade
Como
 casou e teve filhos muito cedo, Helena parou com os estudos e precisou 
adiar outro sonho, que era ter uma graduação. Ela retomou aos 66 anos, 
estudando para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Conseguiu em 
2019 ingressar no curso de gestão ambiental, em uma faculdade de Porto 
Velho. É a única entre 10 irmãos de sua família a cursar o ensino 
superior.
“Não quero morrer antes de terminar minha faculdade. 
Isso para mim vai ser uma honra porque era outro sonho de criança. Na 
minha família, apenas eu consegui entrar na faculdade”, espera Helena, 
que deve formar-se em 2022.
Fonte: Polêmica Paraíba - Créditos: Universa - Publicado por: Amara Alcântara



Nenhum comentário:
Postar um comentário