Quem é o “Zero Seis”, o novo queridinho do presidente Jair Bolsonaro
Jorge Seif Júnior, o secretário de Aquicultura e Pesca, virou o campeão de aparições nas 'lives' do presidente
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EMPRESÁRIO - Seif Júnior: companhia de pesca de sardinhas e atuns antes de entrar para o governo - (//Reprodução) |

Antes da polêmica sobre o poder dos neurônios dos seres aquáticos,
Seif Júnior já chamava atenção pela frequência de sua presença nas lives
presidenciais. Com oito aparições, tornou-se o campeão nesse quesito, à
frente de ministros como o general Augusto Heleno, Tarcísio de Freitas e
Ernesto Araújo. O secretário já utilizou o espaço para dizer que havia
enviado ofício aos governadores pedindo a adoção do filé de pescado na
merenda escolar e divulgou ali o evento “Tambaqui na Esplanada”. O
negócio foi realizado em 7 de agosto na Esplanada dos Ministérios, com a
ajuda de parceiros da secretaria que se mobilizaram para comprar
grelhas, arrumar carvão e pagar o aluguel do caminhão que trouxe o
carregamento de 6 toneladas de tambaqui para aproximadamente 5 000
pessoas.
Seif Júnior virou tão “peixe” de Bolsonaro que o presidente passou a
tratá-lo como filho adotivo, chamando-o de Zero Seis. Antes de entrar
para o governo, ele trabalhava na JS Pescados, uma empresa familiar
especializada na pesca de sardinhas e atuns. O fundador do negócio e pai
do secretário ganhou prestígio entre os bolsonaristas na campanha ao
postar alguns vídeos de apoio. O capitão ficou tão grato que resolveu
conhecê-lo pessoalmente no fim do ano passado. Seif Júnior foi junto,
levando uma lista de reivindicações e sugestões do setor da pesca. O
presidente gostou da conversa e, em seu estilo bate-pronto, disse que
Jorge cuidaria “disso daí para ele” e, na semana seguinte, a convite da
ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a quem a Secretaria da
Aquicultura é subordinada, Seif Júnior já integrava o gabinete de
transição.
Entre suas maiores realizações à frente desse departamento até agora,
ele destaca o recadastramento dos registrados no seguro-defeso,
benefício pago a pescadores profissionais impossibilitados de
desenvolver suas atividades durante o período de reprodução das
espécies. “Havia quase 70% de registros fraudados, uma vergonha
nacional”, diz. No último dia 12, pescadores fizeram uma manifestação no
centro do Recife, em Pernambuco, para reclamar do atraso na liberação
de uma parcela extra do benefício aos trabalhadores devido aos prejuízos
gerados pelo vazamento do óleo. “Estamos acompanhando, com a ajuda de
pesquisadores, a extensão do problema e, até o momento, nenhum tipo de
contágio foi constatado”, afirma Seif Júnior. Recentemente, ele pediu à
ministra Tereza Cristina a edição de uma medida provisória para
disponibilizar o seguro-defeso também para marisqueiros e catadores de
caranguejos do mangue. A julgar pelo pedido, nem o próprio secretário
acredita muito na história de cardumes inteligentes capazes de se
desviar do óleo. Em tempo: segundo Francisco Kelmo, biólogo da
Universidade Federal da Bahia, ainda que tivessem o cérebro de Albert
Einstein, os seres do mar não conseguiriam evitar o contato com o
combustível, pois suas partículas podem ser inaladas na respiração
debaixo d’água. A sabedoria popular já atestava o mesmo: peixe morre
pela boca.
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AO VIVO - Com o "chefe": divulgação de temas como o "Tambaqui na Esplanada" - (Reprodução/Facebook) |
(./.)
Publicado em VEJA de 20 de novembro de 2019, edição nº 2661 - Por André Siqueira
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