Defesa diz que ex-presidente Lula foi julgado ‘com argumentos políticos’ e irá recorrer
Advogados do ex-presidente consideram a nova condenação no TRF4 uma "afronta ao STF" por desconsiderar entendimento sobre ordem das alegações finais
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O advogado de Lula, Cristiano Zanin - (Kaio Lakaio/.) |
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
considerou a decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4)
uma afronta ao Supremo Tribunal Federal (STF). O petista teve pena aumentada de 12 para 17 anos e um mês de prisão no caso do sítio de Atibaia nesta quarta-feira, 27.
Zanin afirmou que o recurso de Lula no caso do sítio foi julgado em
“tempo recorde” e que “argumentos políticos” e não jurídicos foram
apresentados tanto pelo Ministério Público Federal como pelos
desembargadores. “A questão do Direito ficou evidentemente desprezada.”
Para ele, Lula foi condenado “por práticas de atos indeterminados”.
“É mais um exemplo de um processo injusto ao qual o ex-presidente
Lula está submetido desde 2016. É uma decisão que claramente afronta
posições da Suprema Corte não só em relação a ordem das alegações finais
entre delatores e delatados, mas também em relação a própria
competência que foi firmada em relação a delações da Odebrecht
especificamente em relação ao caso do sítio de Atibaia. O Supremo já
decidiu que todas essas delações relativas ao sítio devem ser analisadas
na Justiça Federal de São Paulo”, afirmou Zanin, após a sentença que
manteve a condenação do petista e elevou sua pena de 12 anos de prisão
para 17 anos.
Zanin afirmou que vai aguardar publicação do acórdão da sentença
desta quarta-feira para conhecer a íntegra dos votos dos três
desembargadores da Oitava Turma do TRF-4 e analisar “os erros” e decidir
quais recursos serão apresentados, no próprio tribunal ou nos tribunais
superiores. “Mas certamente iremos recorrer, porque a decisão anunciada
hoje claramente afronta a Suprema Corte não só em um mas em alguns
aspectos.”
O advogado afirmou que a decisão é “incompatível com o posicionamento
da Suprema Corte em duas oportunidades ao definir que é necessário dar à
defesa dos co-réus delatados a oportunidade de falar após os co-réus
delatores.” Para ele, o caso do sítio é exatamente igual aos casos já
analisados no STF na Segunda Turma e no Plenário. “Não há nada que
justifique um tribunal de apelação, ao meu ver, tomar uma decisão que
não se coaduna com o posicionamento já adotado pela Suprema Corte.”
O advogado lembrou que o julgamento desta quarta ocorre 19 dias após
Lula ter sido solto da prisão, onde ficou 580 dias detidos. O petista
foi preso em 8 de abril de 2018, condenado em segundo grau no caso do
triplex do Guarujá. Na ocasião, o TRF-4 aplicou entendimento vigente do
STF de legalidade da execução provisória da pena após condenação em
segunda instância. O entendimento foi revisto pela Corte no dia 9.
“É uma decisão que mais uma vez despreza o Direito e busca na
política a sustentação para manter uma condenação. Essa decisão de hoje
reforça a perseguição que vem sendo por nós denunciada desde 2016.”
Zanin voltou a dizer que Lula não praticou nenhum crime e que ele é
inocente.
VEJA com Estadão Conteúdo
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