Marinha e Ibama negam que mancha gigante sobre o mar na Bahia seja de óleo
Imagens
de satélite captadas pelo Lapis (Laboratório de Análise e Processamento
de Imagens de Satélite), da Universidade Federal de Alagoas, e pelo
Instituto de Geociências da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro), identificaram uma suposta mancha gigante de óleo em alto-mar
em direção ao sul da Bahia. A informação divulgada por pesquisadores
causou preocupação, mas, segundo a Marinha e o Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis), não se trata de
óleo.
As
imagens recebidas foram fornecidas pelo satélite Sentinel-1A, da
Agência Espacial Europeia. A captação ocorreu no dia 28 de outubro.
A
Marinha informou em nota no início da tarde que não se trata de óleo.
“Foram feitas quatro avaliações para confirmar: consulta aos
especialistas da ITOF [Federação Internacional de Poluição por
Petroleiros], monitoramento aéreo e por navios na região e por meio de
satélite”, diz. “Segundo especialistas do ITOF, ela possui diversas
características, podendo ser nuvem, fenômeno da ressurgência no mar
etc.”, completa.
![Imagens de satélite captadas pelo Lapis, da Universidade Federal de Alagoas; Marinha e Ibama dizem que não se trata de óleo - Divulgação/Lapis Imagens de satélite captadas pelo Lapis, da Universidade Federal de Alagoas; Marinha e Ibama dizem que não se trata de óleo - Divulgação/Lapis](https://i1.wp.com/conteudo.imguol.com.br/c/noticias/52/2019/10/30/imagens-de-satelite-captadas-pelo-lapis-da-universidade-federal-de-alagoas-marinha-e-ibama-dizem-que-nao-se-trata-de-oleo-1572463447206_v2_750x421.jpg?resize=750%2C421&quality=95&strip=all&ssl=1)
O
Ibama também negou a possibilidade. “A análise e contextualização
denotam que, após observação da textura da feição, em conjunto à
pesquisa multiespectral (radar e sensor ótico), além do devido estudo
das condições meteorológicas locais, concluímos que a imagem não se
trata de óleo, podendo ser uma célula meteorológica”, diz em parecer.
![Imagens de satélite captadas pelo Instituto de Geociências da UFRJ - Divulgação/UFRJ Imagens de satélite captadas pelo Instituto de Geociências da UFRJ - Divulgação/UFRJ](https://i2.wp.com/conteudo.imguol.com.br/c/noticias/9c/2019/10/30/imagens-de-satelite-captadas-pelo-instituto-de-geociencias-da-ufrj-1572463669844_v2_750x421.jpg?resize=750%2C421&quality=95&strip=all&ssl=1)
Como foi levantada a hipótese de vazamento
Segundo
o responsável pela pesquisa e coordenador do Lapis, Humberto Barbosa,
essa foi a primeira vez que um satélite flagrou uma faixa de óleo ainda
não fragmentada. Em formato de meia-lua, a mancha teria 55 km de
extensão e 6 km de largura. O local fica no sul da Bahia, nas
proximidades dos municípios de Itamaraju e Prado.
Para Barbosa, as
imagens podem sugerir que petróleo pode estar vazando do fundo do mar a
uma distância de aproximadamente 54 km da costa na região da Bahia.
Durante
as últimas três semanas, a equipe do Lapis pesquisou imagens
retroativas desde maio em busca de alguma pista da origem do vazamento.
De agosto para cá, manchas esparsas foram detectadas nessa mesma região
—o que reforça a tese dele de que o local pode ser a origem do
vazamento.
“O
vazamento pode ter sido controlado e ele ter voltado a vazar. Não é
algo conclusivo, pode inclusive ser vazamento no pré-sal”, diz.
Humberto
Barbosa explica que o satélite passa pela área apenas a cada seis dias,
o que necessitou de paciência para encontrar o local do vazamento. A
confirmação da hipótese do vazamento, segundo Barbosa, foi possível
graças informações sísmicas e de outras variáveis do local. Para isso,
foi montado um verdadeiro quebra-cabeças.
Outros especialistas duvidam
A
hipótese de vazamento pelo mar da Bahia, entretanto, não convence José
Carlos Seoane, do Instituto de Geociências da UFRJ. Primeiramente, ele
explica que é preciso a validação in loco de que a mancha é realmente
óleo.
“Não tenho confirmação. A Marinha tem navios na área e estou esperando”, afirmou.
Sobre
a chance de ser o local de vazamento, ele questiona. “Isso seria
confirmado pela repetibilidade. A gente deve investigar todas as
hipóteses, mas pessoalmente não acredito nela. Por quê? Quando existe um
vazamento do fundo do mar, ele é persistente. Ou seja, pegaria a imagem
do dia 22 estaria lá, do dia 25 estaria lá, e não isso que estamos
vendo, essa imagem apareceu de repente”, afirma.
Ele
também conta que “colegas da Petrobras já apuraram que se trata de óleo
venezuelano”. Se é venezuelano, o que estaria fazendo no sul da
Bahia?”, questiona.
Para o oceanógrafo da UFC (Universidade
Federal do Ceará) Carlos Teixeira, caso o local de vazamento estivesse
ao sul da Bahia, não haveria como o óleo chegar ao litoral norte do
Nordeste.
“Não
há a menor possibilidade de óleo com origem na costa do sudeste chegue
aos estados mais ao norte. As correntes oceânicas nesta região se
deslocam ao sul, sobre a plataforma elas podem até se deslocar para
norte, mas não nesta época do ano e não há como trazer o óleo por
exemplo para Rio Grande do Norte e Ceará”, diz.
Até o momento, segundo o Ibama, foi achado óleo em 282 praias da região, em 97 municípios.
Fonte: Uol - Publicado por: Gerlane Neto
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