Ricardo Coutinho admite que não abriria mão de disputar o Senado se a eleição fosse hoje – Por Nonato Guedes
O
ex-governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), declarou que se as
eleições fossem realizadas hoje ele não abriria mão de disputar o Senado
Federal, tal como fez no ano passado, quando permaneceu no Palácio até o
último dia do mandato a pretexto de garantir a vitória de João Azevêdo à
sua sucessão. Interlocutores próximos a Ricardo sustentam que a recente declaração dele, feita em entrevista à rádio 98 FM de Campina Grande,
não teve tom de arrependimento. O que ele deu a entender foi que o
momento político atual exigiria de sua parte uma atitude diferente. Na
mesma entrevista, Ricardo evitou avaliar o governo de João, com quem
está rompido por causa de divergências pelo controle do PSB no Estado e,
também, envolvendo aspectos da nova gestão, dos quais discorda. O líder
socialista é crítico impenitente do governo do presidente Jair
Bolsonaro (PSL), a quem chamou de “essa coisa” numa entrevista que
concedeu.
Nos
preparativos para o pleito do ano passado, Ricardo era considerado o
grande trunfo do esquema liderado pelo PSB na disputa majoritária
estadual, espécie de carro-chefe para alavancar a própria candidatura de
Azevêdo, que era neófito em disputas, bem como para influenciar na
eleição de uma bancada expressiva, sobretudo na Assembleia Legislativa, o
que, de fato, ocorreu, em paralelo com a vitória de João em primeiro
turno. Coutinho foi insistentemente pressionado a concorrer ao Senado e
ouviu de aliados o argumento de que teria uma cadeira cativa,
antecipadamente assegurada, mas declinou das ofertas pretextando o
desafio de manter a governabilidade e ser o fiador da continuidade do
projeto socialista na administração estadual.
Os analistas
políticos, na época, trabalhavam com a hipótese de que, das duas vagas
em jogo ao Senado, uma seria, naturalmente, conquistada por Ricardo,
podendo a outra ser renovada por Cássio Cunha Lima (PSDB), ex-aliado,
atual adversário político do ex-governador. Coutinho obstinou-se, além
da tarefa de eleger Azevêdo, em contribuir para derrotar Cássio,
lançando a dupla Veneziano Vital do Rêgo-Luiz Couto para a chapa
senatorial. Veneziano, inclusive, desfiliou-se do PMDB (atual MDB) e
ingressou no PSB para fidelizar compromissos. Couto, que concorreu pelo
PT, chegou a ter mais votos que Cássio, que se disse vítima de ‘tsunami
político”. As urnas acabaram revelando que a chapa vitoriosa ao Senado
teve como expoentes Veneziano Vital e Daniella Ribeiro (PP). Esta,
figura como a primeira senadora eleita na história da Paraíba.
Coutinho,
que pontuou trajetória como vereador, deputado estadual, prefeito de
João Pessoa por duas vezes e governador eleito em duas ocasiões,
confessou, certa feita, a jornalistas, que não tinha maior interesse ou
ambição em ser senador. Falando “em off”, chegou a comentar que o Senado
era uma Casa de “políticos provectos”, que lá chegavam para culminar
trajetórias cumpridas em seus Estados. Neste final de semana, o
ex-governador voltou a ficar em evidência no noticiário político nacional
ao coordenar, em Monteiro, o Grito pela Transposição das Águas do Rio
São Francisco, atraindo o ex-presidenciável petista Fernando Haddad e a
presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. O senador Humberto Costa
(PT-PE) revelou, em vídeo, que o ato em Monteiro, integraria a mobilização pela libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que cumpre pena em Curitiba, na Superintendência da Polícia
Federal. Há atos pró-Lula marcados, também, para Recife e Fortaleza. O
governador da Paraíba, João Azevêdo, anunciou que não compareceria a
Monteiro devido a compromissos da sua agenda e reconheceu que o ato
programado teria conotação essencialmente política.
Fonte: Os Guedes - Créditos: Nonato Guedes
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