Operação Lava Jato faz primeira denúncia contra o empresário Walter Faria por 12 crimes
A
força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná
denunciou o empresário Walter Faria, do Grupo Petrópolis, e também Vanuê
Antônio da Silva Faria, sobrinho de Walter, e Nelson de Oliveira por 12
crimes de lavagem de dinheiro, após supostamente terem recebido de
operadores financeiros, entre 2006 e 2007, US$ 3.686.869,21 em contas
secretas mantidas na Suíça.
Walter
Faria está preso desde 5 de agosto, quando se entregou à Polícia
Federal do Paraná, para cumprir ordem de prisão preventiva em uma outra
investigação – a Operação Rock City, fase 62 da Lava Jato que atribui à
cervejaria esquema de lavagem de R$ 329 milhões para a Odebrecht.
Apontado
pelos investigadores como “grande operador de propina” do esquema
Odebrecht instalado na Petrobras, Walter também está com os bens
bloqueados no valor de até R$ 1,3 bilhão – montante que ele próprio
admitiu manter no exterior.
Nessa
investigação, Vanuê Faria, sobrinho do dono do Grupo Petrópolis,
admitiu, em depoimento à Polícia Federal, que a cervejaria gerou
dinheiro em espécie, como se fosse um “banco”, para a Odebrecht,
mediante pagamentos no exterior.
Os
fatos relativos à primeira denúncia contra o empresário por 12 crimes de
lavagem de dinheiro são desdobramentos dos crimes já apurados na ação
penal em que foram condenados o ex-diretor de Internacional da Petrobras
Nestor Cerveró e os lobistas Julio Camargo e Fernando Soares, o
“Fernando Baiano” e na ação em que foram condenados os funcionários da
petrolífera Luís Carlos Moreira da Silva e Demargo Epifânio, além dos
operadores do MDB Jorge Luz e Bruno Luz.
A
contratação da construção do navio-sonda Petrobrás 10.000 pelo
estaleiro coreano Samsung ocorreu ao custo de US$ 586 milhões entre 2006
e 2008, destaca a Lava Jato.
“Na
ocasião, Jorge Luz e Bruno Luz atuaram junto a Fernando Soares e Julio
Camargo, e ao ex-diretor Nestor Cerveró para operacionalização do
pagamento de propina de US$ 15 milhões”, sustentam os procuradores da
força-tarefa.
A
nova denúncia está centrada em etapa da lavagem de dinheiro
transnacional decorrente da corrupção nessa contratação, alegam os
procuradores.
Segundo a denúncia,
documentos bancários obtidos na investigação comprovaram o recebimento
de recursos milionários, sem causa econômica legítima, em contas no
exterior controladas e movimentadas pelos acusados.
Os
valores remetidos pelos operadores financeiros, já condenados na
Operação Lava Jato, “usualmente se direcionavam aos funcionários da
Petrobras, como Nestor Cerveró, e aos agentes responsáveis pela sua
sustentação política nos cargos”.
Para
oferecer a denúncia, os procuradores utilizaram de provas colhidas
durante a investigação, inclusive depoimentos e documentos obtidos no
âmbito de delação premiada, quebras de sigilo bancário e fiscal,
relatório de Comissão Interna de Apuração da Petrobras e rastreamento de
contas ocultas no exterior, que foram obtidas mediante cooperação
jurídica internacional.
Defesa
A
assessoria de imprensa do Grupo Petrópolis afirma que “todos os
esclarecimentos solicitados já foram prestados aos órgãos competentes,
em diversas ocasiões”.
Fonte: Noticias ao minuto - Publicado por: Suedna Lima
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