EM MEIO A CRISES SEM FIM, DOM PEDRO ABDICA DO TRONO BRASILEIRO E VOLTA PARA PORTUGAL
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Pedro em 1830, por Henri Grevedon: "Aqui está a minha abdicação; desejo que sejam felizes! Retiro-me para a Europa e deixo um país que amei e que ainda amo". |
Os esforços do imperador para apaziguar os Liberais resultaram em
mudanças importantes. Pedro apoiou um 1827 uma lei estabelecendo
responsabilidade ministerial. Um gabinete nomeado em 19 de março de 1831 era formado por políticos da
oposição, permitindo que o parlamento tivesse um papel maior no
governo. Por fim, ofereceu posições na Europa para Francisco Gomes e outro amigo
português a fim de acabar com os rumores de um "gabinete secreto". Para seu desalento, as medidas paliativas não pararam os contínuos
ataques dos Liberais sobre seu governo e nascimento estrangeiro. Pedro
ficou indisposto a lidar com a deteriorante situação política por estar
frustrado com a intransigência.
Enquanto isso, exilados portugueses fizeram campanha para que ele
abrisse mão do Brasil e dedicasse suas energias à luta pela coroa da
filha. De acordo com Barman, "[em] uma emergência as habilidades do Imperador
resplandeciam – ficava com nervos calmos, engenhoso e firme na ação. A
vida como monarca constitucional, cheia de tédio, cuidado e conciliação,
ia de encontro à essência de sua personalidade". Por outro lado, o historiador salientou que Pedro "encontrava no caso
de sua filha tudo que mais apelava a sua personalidade. Ao ir para
Portugal ele poderia defender os oprimidos, mostrar seu cavalheirismo e
abnegação, manter o governo constitucional e gozar da liberdade de ação
que desejava".
A ideia de abdicar do trono brasileiro e voltar para Portugal
começou a tomar sua mente e, a partir de 1829, Pedro falava a respeito
frequentemente. Uma oportunidade logo apareceu para agir sobre esse noção: radicais
dentro do Partido Liberal reuniram gangues de rua para assediar a
comunidade portuguesa vivendo no Rio de Janeiro. Em 11 de março de 1831,
naquilo que ficou conhecido como a Noite das Garrafadas, os portugueses retaliaram e o tumulto tomou as ruas da capital nacional. Pedro dispensou o gabinete Liberal em 5 de abril, que estava no poder
apenas desde 19 de março, por motivos de incompetência ao restaurar a
ordem. Uma grande multidão incitada pelos radicais se reuniram no centro do
Rio de Janeiro na tarde do dia 6 de abril, exigindo a imediata
restauração do antigo gabinete. Pedro respondeu afirmando que "Tudo farei para o povo; nada, porém, pelo povo". Tropas do exército, incluindo sua guarda pessoal, desertaram após o
anoitecer e se juntaram aos protestos. Foi apenas nesse momento que
Pedro percebeu o quanto tinha ficado isolado e separado dos assuntos
brasileiros, surpreendendo todos ao abdicar do trono à aproximadamente
3h00min da madrugada de 7 de abril. Ele entregou o documento da abdicação a um mensageiro e afirmou: "Aqui
está a minha abdicação; desejo que sejam felizes! Retiro-me para a
Europa e deixo um país que amei e que ainda amo".
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Carta de abdicação de Dom Pedro I: "Tudo farei para o povo; nada, porém, pelo povo" |
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