Superior Tribunal de Justiça pode julgar em março recurso de Lula contra condenação do triplex do Guarujá
O ex-presidente foi condenado a doze anos e um mês de prisão

© Reuters / Rodolfo Buhrer
O Superior Tribunal de
Justiça (STJ) pode julgar ainda em março um recurso do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra sua condenação por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). Lula
está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde
abril do ano passado, após a segunda instância da Justiça (Tribunal
Regional Federal da 4° Região) confirmar a condenação do petista em
primeiro grau e aumentar sua pena para 12 anos e um mês de prisão.
O recurso que será analisado pela Quinta Turma já foi negado
individualmente pelo relator da Lava Jato no tribunal, o ministro Félix
Fischer. Contra essa decisão, a defesa de Lula recorreu, e, por isso,
seu processo será julgado pelo colegiado que Fischer compõe com mais
quatro colegas no tribunal. O julgamento encerrará as principais
análises do STJ em torno do caso do triplex. Se for negado, abrirá
caminho para o STF analisar a condenação de Lula no processo.
Dessa
forma, o petista já terá sido julgado pela terceira instância da
Justiça - STJ - antes do dia 10 de abril, quando está marcada no STF a
análise das ações que discutem a possibilidade de prisão em segunda
instância. Na ocasião, a Suprema Corte poderá manter o entendimento
atual, que permite que os condenados em segundo grau sejam presos;
voltar ao entendimento antigo, em que o encarceramento precisa esperar o
trânsito em julgado do processo - quando não há mais recursos
disponíveis -; ou escolher ainda uma terceira via, que permite a prisão
após análise da condenação pelo STJ. Esta última tese foi defendida pelo
presidente do STF, ministro Dias Toffoli, e pelo ministro Gilmar Mendes
quando a Suprema Corte julgou em abril do ano passado um pedido de
liberdade de Lula, negado por seis votos a cinco.
Caso
o STF opte por esse novo entendimento, a mudança não terá mais efeito
sobre a prisão do petista, uma vez que seu caso já terá sido analisado
pelo STJ - se o recurso for de fato julgado e também negado pelos
ministros. Lula apenas seria beneficiado se a Suprema Corte
desautorizasse a execução antecipada da pena. O placar tende a ser
apertado. Foi por seis votos a cinco que, em 2016, o STF passou a
permitir a prisão após segunda instância.
Pauta
Segundo
apurou o Broadcast, está em avaliação como será feito o julgamento do
recurso de Lula no STJ. Tem sido ventilada a hipótese do processo ser
levado em mesa pelo relator, ou seja, sem pauta prévia e intimação da
defesa. No entanto, diante da relevância do caso, os colegas também
discutem a possibilidade de o recurso ser pautado previamente, com
divulgação da data.
Os advogados de Lula já questionaram no STF a
decisão de Fischer, alegando que o ministro não poderia ter decidido
sobre o recurso individualmente, sem chance ainda para a defesa fazer
sustentação oral. Ao negar a reclamação, o ministro Edson Fachin
observou que a "colegialidade" é sempre desejável, "recomendável ou
mesmo necessária", mas lembrou que o recurso de Lula no STJ ainda será
analisado pela Quinta Turma.
Na avaliação de ministros das Cortes Superiores, Lula teria mais
chances de reverter ou reduzir a pena no caso do triplex do Guarujá no
STF, e não no STJ. Apelidada por colegas de "câmara de gás" em função do
rigor das decisões de seus integrantes, a Quinta Turma negou por
unanimidade um pedido de liberdade preventiva do ex-presidente em março
do ano passado.
Notícias ao Minuto com informações do Estadão Conteúdo
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