Ciro Gomes é condenado por chamar vereador Fernando Holiday de ‘capitãozinho do mato’
Holiday foi eleito vereador em São Paulo pelo DEM e é integrante do MBL; Ciro pode recorrer

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MÔNICA
BERGAMO - SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O TJ-SP (Tribunal de Justiça de
São Paulo) julgou procedente a ação em que o vereador paulistano
Fernando Holiday (DEM) pede R$ 38 mil de indenização por danos morais ao
candidato derrotado à Presidência Ciro Gomes (PDT) por tê-lo chamado de
"capitãozinho do mato".
"Imagina, esse Fernando Holiday aqui. O capitãozinho do mato,
porque é a pior coisa que tem é um negro que é usado pelo preconceito
para estigmatizar, que era o capitão do mato do passado', declarou o
ex-governador do Ceará em entrevista à Rádio Jovem Pan em junho de 2018.
A fala foi feita após ele ser questionado sobre uma aliança com o DEM em torno da sua então candidatura ao Planalto.
Ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre), de direita, Holiday é crítico do movimento negro e de cotas raciais.
"Espero
que isso sirva de aviso a outros líderes de esquerda que se acham no
direito de ser racista contra seus adversários políticos", afirma
Holiday sobre a sentença em primeira instância, que foi assinada pelo
juíz Domício W. Pacheco e Silva.
"Além da discriminação racial, o
intuito de ofender a honra do autor afigura-se ainda mais claro pela
utilização do diminutivo: 'capitãozinho'", afirma a decisão judicial.
"Nem
mesmo à alcunha 'capitão do mato', na visão do réu, o autor faria jus: o
emprego do diminutivo, nessa circunstância, revelava ironia, desprezo,
antipatia, à semelhança do que ocorreria se um médico fosse chamado de
'doutorzinho', um causídico de 'advogadozinho', um magistrado de
'juizeco' etc."
O juiz segue: "[O valor de R$ 38 mil] Trata-se de
quantia que não se mostra ínfima nem exagerada, especialmente se
considerada a extrema gravidade das ofensas, disseminadas Brasil afora.
Considera-se, no ponto, que o réu era pré-candidato à Presidência da
República, o que torna ainda mais nefasta sua conduta. E a indenização
ora fixada não causará sua ruína, diante da declaração apresentada ao
Tribunal Superior Eleitoral, da qual consta um patrimônio de quase dois
milhões de reais".
A reportagem não conseguiu contatar Ciro Gomes até a conclusão deste texto. Ele pode recorrer da decisão judicial.
Notícias ao Minuto
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