Ex-presidente Lula vê 'perseguição política' e 'uso perverso da lei' em nova sentença
Segundo o advogado Cristiano Zanin Martins, a magistrada "segue a mesma linha" do ex-juiz Sérgio Moro e faz "uso perverso das leis" para fins de "perseguição política" contra Lula

© Ueslei Marcelino/Reuters
A defesa do ex-presidente Lula afirmou, nesta quarta-feira, 6, que vai recorrer da condenação a 12 anos e 11 meses na ação referente ao Sítio Santa Bárbara,
em Atibaia, proferida pela juíza Federal Gabriela Hardt. Segundo o
advogado Cristiano Zanin Martins, a magistrada "segue a mesma linha" do
ex-juiz Sérgio Moro e faz "uso perverso das leis" para fins de
"perseguição política" contra o ex-presidente.
O ex-presidente foi sentenciado por supostos crimes de
corrupção passiva e ativa, e lavagem de dinheiro, envolvendo pagamentos
de R$ 1 milhão das empreiteiras OAS, Odebrecht e Schahin para custear as
reformas do imóvel.
"A sentença segue a mesma linha da sentença
proferida pelo ex-juiz Sérgio Moro, que condenou Lula sem ele ter
praticado qualquer ato de ofício vinculado ao recebimento de vantagens
indevidas, vale dizer, sem ter praticado o crime de corrupção que lhe
foi imputado", afirmam os advogados.
Segundo
a defesa, uma vez mais a Justiça Federal de Curitiba atribuiu
responsabilidade criminal ao ex-presidente tendo por base uma acusação
que envolve um imóvel do qual ele não é o proprietário, um "caixa geral"
e outras narrativas acusatórias referenciadas apenas por delatores
generosamente beneficiados".
"A decisão desconsiderou as provas de
inocência apresentadas pela Defesa de Lula nas 1.643 páginas das
alegações finais protocoladas há menos de um mês (07/01/2019) - com
exaustivo exame dos 101 depoimentos prestados no curso da ação penal,
laudos técnicos e documentos anexados aos autos", diz.
O advogado
afirmou que se chega ao ponto de a sentença rebater genericamente a
argumentação da defesa de Lula fazendo referência a "depoimentos
prestados por colaboradores e co-réus Leo Pinheiro e José Adelmário" (p.
114), como se fossem pessoas diferentes, o que evidencia o
distanciamento dos fundamentos apresentados na sentença da realidade".
De
acordo com o advogado, "Lula foi condenado pelo "pelo recebimento de R$
700 mil em vantagens indevidas da Odebrecht" mesmo a defesa tendo
comprovado, por meio de laudo pericial elaborado a partir da análise do
próprio sistema de contabilidade paralelo da Odebrecht, que tal valor
foi sacado em proveito de um dos principais executivos do grupo
Odebrecht (presidente do Conselho de Administração); esse documento
técnico (elaborado por auditor e perito com responsabilidade legal sobre
o seu conteúdo) e comprovado por documentos do próprio sistema da
Odebrecht foi descartado sob o censurável fundamento de que "esta é uma
análise contratada por parte da ação penal, buscando corroborar a tese
defensiva" - como se toda demonstração técnica apresentada no processo
pela defesa não tivesse valor probatório.
"Lula foi condenado pelo
crime de corrupção passiva por afirmado "recebimento de R$ 170 mil em
vantagens indevidas da OAS" no ano de 2014 quando ele não exercia
qualquer função pública e, a despeito do reconhecimento, já exposto, de
que não foi identificado pela sentença qualquer ato de ofício praticado
pelo ex-presidente em benefício das empreiteiras envolvidas no
processo", afirma
Zanin também sustenta que "foi aplicada a Lula,
uma vez mais, uma pena fora de qualquer parâmetro das penas já aplicadas
no âmbito da própria Operação Lava Jato - que segundo julgamento do
TRF4 realizado em 2016, não precisa seguir as "regras gerais" - mediante
fundamentação retórica e sem a observância dos padrões legalmente
estabelecidos".
"Em 2016 a defesa demonstrou perante o Comitê de Direitos Humanos da
ONU a ocorrência de grosseiras violações às garantais fundamentais,
inclusive no tocante à ausência de um julgamento justo, imparcial e
independente. O conteúdo da sentença condenatória proferida hoje somente
confirma essa situação e por isso será levada ao conhecimento do
Comitê, que poderá julgar o comunicado ainda neste ano - e eventualmente
auxiliar o país a restabelecer os direitos de Lula", reitera.
Política ao Minuto
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