segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Festas de fim de ano são período de angústia e tristeza para muitas pessoas

Depressão e crise de ansiedade crescem nas comemorações de fim do ano


As festas de fim de ano, com as confraternizações, Natal, Réveillon e as expectativas para um novo ano, nem sempre são sinônimo de alegria e comemorações. Para muitas pessoas, este é justamente o período de mais angústia e tristeza. O sinal de alerta fica ainda mais forte com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão. No Centro de Valorização da Vida (CVV), organização não governamental que oferece apoio emocional e prevenção do suicídio 24 horas por dia, o número de ligações recebidas costuma aumentar em média 15% no mês de dezembro.
“Essa época envolve também muitos sentimentos de frustração, desconforto por conta dos encontros de amigos, das reuniões das famílias, da contemplação religiosa e quem não está inserido nesse contexto sofre ainda mais com essas situações. É uma fase de muito delicada, de melancolia, nostalgia e que são gatilhos para surtos e crises depressivas”, explica a psicóloga do Hapvida, Danielle Azevedo.
Segundo a especialista, muitas pessoas também enxergam esse período como um fechamento de ciclos e início de outros. “Alguns se frustram por não terem conseguido realizar a dieta planejada, pelo desemprego, pelos problemas no casamento que não foram resolvidos, por não terem liberado perdão. Outros já sofrem com ansiedade pelo começo do novo ano e os planos que chegam com ele”, reforça.
Ela relata ainda que os atendimentos nos consultórios e até nos serviços de emergência têm um aumento nesse período, devido a esses fatores que acabam desencadeando crises de transtorno de ansiedade, de síndrome do pânico e de depressão. “Ano passado perdi dois pacientes, que tiraram suas vidas no mês de dezembro. É um tempo que requer atenção redobrada por parte das pessoas que estão no entorno dos indivíduos que sofrem com essas doenças”, alerta.
Mudança de atitude
Para enfrentar essa fase, Danielle Azevedo, fala sobre algumas atitudes que podem melhorar a angústia do período e fazer com que as pessoas enfrentem essa etapa com empatia. Ela recomenda que pessoas planejem o período com antecedência, reservando algumas horas para pensar em como irão cuidar de si mesmo durante o mês; evitar conflitos familiares; diminuir os compromissos; lembrar que a perfeição não existe; fazer atividades físicas; não exagerar no consumo de comida e bebidas alcoólicas e procurar ajuda profissional, caso os momentos de tristeza sejam consecutivos.
Dados
Conforme as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgadas no ano passado, 23, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população. Pesam nesse cenário, de acordo com os especialistas ouvidos pelo estudo, fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego, e ambientais, como o estilo de vida em grandes cidades.
Contudo, os dados da OMS mostram que o problema é global. São 322 milhões de pessoas com depressão em todo o mundo – 4,4% da população e 18% a mais do que há dez anos. De acordo com a entidade, no Brasil, em 2015, eram 11,5 milhões com a doença e 18,6 milhões com transtorno de ansiedade. Os Países com maiores taxas de depressão no mundo são: Ucrânia (6,3%), Austrália (5,9%), Estônia (5,9%), Estados Unidos (5,9%) e Brasil (5,8%).
MaisPB

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