Depressão e crise de ansiedade crescem nas comemorações de fim do ano
As
festas de fim de ano, com as confraternizações, Natal, Réveillon e as
expectativas para um novo ano, nem sempre são sinônimo de alegria e
comemorações. Para muitas pessoas, este é justamente o período de mais
angústia e tristeza. O sinal de alerta fica ainda mais forte com os
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o Brasil é o país com
a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o
quinto em casos de depressão. No Centro de Valorização da Vida (CVV),
organização não governamental que oferece apoio emocional e prevenção do
suicídio 24 horas por dia, o número de ligações recebidas costuma
aumentar em média 15% no mês de dezembro.
“Essa época envolve
também muitos sentimentos de frustração, desconforto por conta dos
encontros de amigos, das reuniões das famílias, da contemplação
religiosa e quem não está inserido nesse contexto sofre ainda mais com
essas situações. É uma fase de muito delicada, de melancolia, nostalgia e
que são gatilhos para surtos e crises depressivas”, explica a psicóloga
do Hapvida, Danielle Azevedo.
Segundo a especialista, muitas
pessoas também enxergam esse período como um fechamento de ciclos e
início de outros. “Alguns se frustram por não terem conseguido realizar a
dieta planejada, pelo desemprego, pelos problemas no casamento que não
foram resolvidos, por não terem liberado perdão. Outros já sofrem com
ansiedade pelo começo do novo ano e os planos que chegam com ele”,
reforça.
Ela relata ainda que os atendimentos nos consultórios e
até nos serviços de emergência têm um aumento nesse período, devido a
esses fatores que acabam desencadeando crises de transtorno de
ansiedade, de síndrome do pânico e de depressão. “Ano passado perdi dois
pacientes, que tiraram suas vidas no mês de dezembro. É um tempo que
requer atenção redobrada por parte das pessoas que estão no entorno dos
indivíduos que sofrem com essas doenças”, alerta.
Mudança de
atitude
Para enfrentar essa fase, Danielle Azevedo, fala sobre algumas
atitudes que podem melhorar a angústia do período e fazer com que as
pessoas enfrentem essa etapa com empatia. Ela recomenda que pessoas
planejem o período com antecedência, reservando algumas horas para
pensar em como irão cuidar de si mesmo durante o mês; evitar conflitos
familiares; diminuir os compromissos; lembrar que a perfeição não
existe; fazer atividades físicas; não exagerar no consumo de comida e
bebidas alcoólicas e procurar ajuda profissional, caso os momentos de
tristeza sejam consecutivos.
Dados
Conforme as estimativas da
Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgadas no ano passado, 23, 9,3%
dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta
5,8% da população. Pesam nesse cenário, de acordo com os especialistas
ouvidos pelo estudo, fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego,
e ambientais, como o estilo de vida em grandes cidades.
Contudo,
os dados da OMS mostram que o problema é global. São 322 milhões de
pessoas com depressão em todo o mundo – 4,4% da população e 18% a mais
do que há dez anos. De acordo com a entidade, no Brasil, em 2015, eram
11,5 milhões com a doença e 18,6 milhões com transtorno de ansiedade. Os
Países com maiores taxas de depressão no mundo são: Ucrânia (6,3%),
Austrália (5,9%), Estônia (5,9%), Estados Unidos (5,9%) e Brasil (5,8%).
MaisPB
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