Quarenta por cento das crianças que vivem nas grandes cidades do Brasil têm doenças respiratórias
Quarenta
por cento das crianças que vivem nas grandes cidades do Brasil
apresentam alergias respiratórias. Os dados são da Associação Brasileira
de Alergia e Imunopatologia que estima ainda que cerca de 30% de todas
as crianças com 6 e 7 anos tem rinite alérgica e 15%, asma. Já um
relatório divulgado no mês de outubro desse ano pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) mostra que 93% das crianças e adolescentes respiram ar
com nível de partículas acima do que é considerado recomendável para a
saúde.
O médico alergologista da rede Hapvida, Roberto Lacerda,
destaca as causas para o aumento das crises alérgicas na primeira
infância. Ele explica que além da poluição causada principalmente pelos
veículos, a alta concentração de ácaros no ambiente e a herança genética
são fatores determinantes para o surgimento das alergias.
“Os
carros e principalmente os ônibus que circulam pelas grandes vias levam
ao ar partículas alérginas e inflamatórias, principalmente o monóxido de
carbono, dióxido de carbono e enxofre. Isso leva ao aumento de alergias
respiratórias, principalmente a rinite alérgica, a sinusite alérgica e a
bronquite alérgica que é a asma, mas, além disso, pode causar, em longo
prazo, o câncer de pulmão, um dos mais comuns na população”, alerta.
O
médico explica que a incidência das alergias em crianças também
acontece por conta da não formação completa do sistema imunológico e do
desenvolvimento do pulmão que é gradativo durante sua infância. “Por
isso que as crianças adoecem muito mais que os adultos. E esses
processos inflamatórios adquiridos pelas crianças são as causas
principais do aumento das alergias respiratórias”, ressalta.
De
acordo com o especialista, 80% dos casos de asma começam na infância,
destacando que a doença também pode aparecer em adultos. “Vamos imaginar
que dentro da gente tem de três a quatro quilos de bactérias. O sistema
imunológico é tão perfeito que ele fica fazendo uma varredura para
bactérias, vírus, fungos, aléginos, irritantes, células cancerígenas.
Adquirimos alguma doença quando esse sistema imunológico apresenta uma
falha”, frisa.
Segundo o médico, o fator genético também é um
grande desencadeador de alergias. Conforme explicou, se o pai é
alérgico, o filho terá 40% de chance de também apresentar algum tipo de
alergia. Se a mãe for, esse índice sobe para 60%. Se o casal for
alérgico o índice passa a ser de 90%. Se nenhum dos dois for alérgico, a
probabilidade é de 15%.
Alerta
O
alergologista Roberto Lacerda chama atenção para a poluição não causar
apenas alergias. De acordo com o especialista, ela provoca também
câncer, arritmia, infarto e AVC. A pesquisa da OMS mostrou ainda que no
Brasil, 50 mil pessoas morrem por ano de doenças relacionadas à poluição
do ar. “Sabe-se hoje que a poluição nas grandes cidades tem aumentado
muito e, consequentemente, levado ao aumento da incidência de morte
provocada por essas doenças”, afirma.
Contudo, para o médico, a
população de grandes cidades que ficam situadas no litoral, como João
Pessoa, tem uma grande vantagem perante as cidades do interior, pois a
brisa do mar consegue dispersar parte dos poluentes ambientais.
MaisPB
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