No Dia dos Mortos, saiba como as diferentes religiões encaram a morte
Vida
após a morte, eternidade, ressurreição e recomeço. Cada religião tem
sua maneira de enxergar a morte, que apesar de inevitável, pode ser
encarada de diversas formas. Nesta sexta-feira (02) em que se celebra o
dia dos Finados, o Portal MaisPB mostra como as religiões veem esse
momento.
Espiritual e cheia de tradição. Assim é a morte segundo o
candomblé – religião de matriz africana. Segundo a mãe de santo Lúcia
Omigewá, a morte é um orixá primordial que acompanha a pessoa
diariamente e foi um dos primeiros que Deus colocou na Terra.
“A morte vai lhe achar”. Em contato com o Portal MaisPB,
a mãe Lúcia contou que antes mesmo de vir a terra, a alma da pessoa
escolhe o dia que irá morrer quando estiver em ‘plano terreno’. Sendo
assim, independente do que a pessoa fizer ou para onde for durante sua
vida, o dia da morte já está previamente definido.
De
acordo com a mãe Lúcia Omigewá, isso explica o fato de algumas pessoas
se adoentarem ou se acidentaram, irem para o hospital e depois de alguns
dias internadas sofrerem uma melhora.
“Esse momento a gente chama
de melhora da morte, que é quando a pessoa tem a oportunidade de ter
consciência de tudo o que fez e da data que escolheu e se redimir por
seus erros antes da morte”, analisa.
A cerimônia de morte é
celebrada logo após a morte. No caso de uma mãe de santo, o ritual dura
sete dias. Mãe Lúcia conta que ritual acontece para que a alma não se
perca na volta. O ritual também acontece após o primeiro ano da morte,
no terceiro ano e no sétimo ano.
A morte de outras pessoas da
religião também conta com rituais que variam entre um e três dias, a
depender da hierarquia e de seu cargo.
A tradição do candomblé
ainda tem outras crenças particulares. Uma vez morta, a alma da pessoa
pode retornar quantas vezes quiser para a terra, mas só se desejar
voltar. Caso ‘renasça’, a pessoa retornará para a mesma família que
esteve anteriormente e sete anos após a morte.
“Quando sete anos depois de uma morte na família nasce uma pessoa sabemos que é a alma da pessoa que retornou”, conta.
Imortalidade da alma
“O
que está depositado no cemitério é apenas uma roupagem temporária, um
templo que nos foi emprestado pela natureza e pela misericórdia de
Deus”, explicou ao Portal MaisPB o presidente da Federação Espírita Paraibana, Marco Lima.
Segundo
ele, o corpo habitado segue naturalmente para a morte pela ‘lei natural
da destruição’. O processo, no entanto, não é o fim já que, segundo o
espiritismo, a morte é ‘passagem de uma realidade provisória para uma
permanente’. A religião vê o espírito como imortal e infinito.
O
espírito então usa o corpo como um templo onde viverá experiências que
vão colaborar para um processo de evolução. “O espírito é criado por
Deus, mas simples e ignorante. Precisa das experiências corporais para
adquirir conhecimento, sabedoria, moralidade e desenvolver seu potencial
intríseco”, revela.
No Dia dos Finados, os espíritas costumam
fazer campanhas sobre a imortalidade da alma. Segundo Marco, é
necessária a conscientização e compreensão sobre a morte e o que ela
representa.
Liberação final da salvação
A
morte para o cristianismo é um momento repleto de significados: ela
marca para o cristão a separação da existência terrena para a eternidade
e o ponto final em circunstâncias desagradáveis.
“A morte deve
ser vista como descanso do pecado, tristeza, aflições, tentações,
deserções, irritações, oposições e perseguições”, conta o teólogo Thiago
Ribeiro para o Portal MaisPB.
Isso porque,
apesar de enxergar a vida como ‘dádiva de Deus’, o cristão a vê
assinalada pelo pecado – que esteve presente desde o começo da criação.
O pecado então trouxe morte espiritual e também física.
Para os
cristãos, o sacrifício de Jesus Cristo dá um novo significado para essa
morte, que deixa de ser espiritual e se torna apenas física. Sendo
assim, os cristãos acreditam ser salvos e libertos do poder da morte –
a morte física passa a ser o começo de uma vida na eternidade com Ele.
“A
morte é conquistar plena liberdade de todos os inimigos internos e
externos. Devemos olhar para ela como uma partida da imperfeição para a
perfeição”.
Esperança da vida eterna
O
catolicismo também acredita na vida eterna. De acordo com o arcebispo da
Paraíba, Dom Delson, Jesus Cristo possibilitou a vida eterna através de
sua morte.
Segundo ele, a certeza da vida eterna muda a forma de
viver e enxergar a vida de acordo com a dimensão da eternidade, o que
traz um sentido diferente para a realidade.
Apesar
da felicidade pela vida eterna, existe a tristeza pela separação. O
arcebispo conta que é normal sentir tristeza após a morte de um ente
querido, mas o católico deve ter o conforto da esperança da vida eterna.
“É um misto de dor e sofrimento, mas é também uma confiança inabalável na vida eterna e na misericórdia de Deus”, revela.
Nesta
sexta-feira (02), os católicos realizam missas nos cemitérios da
Paraíba e este é o momento de entrega dos mortor a Deus, para que Ele os
tenha na vida eterna e perdoe os seus pecados. A cerimônia também
representa o sacrifício de Jesus Cristo.
Caroline Queiroz – MaisPB
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