Maioria dos brasileiros mudam hábitos financeiros devido à crise econômica
A
maioria dos brasileiros (72%) mudou a rotina financeira por causa da
crise econômica, segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Oito
em cada dez consumidores pretendem manter os hábitos caso a crise seja
resolvida em 2018. Somente 19% garantem não ter feito mudanças.
Segundo
as entidades, o orçamento mais curto fez com que muitas famílias
modificassem a rotina de compras, além de repensar algumas de suas
prioridades. Mais da metade (55%) usam de cautela extra, evitando o
consumo de produtos supérfluos. Esse percentual aumenta para 68% entre
os mais velhos e 69% entre os pertencentes às classes A e B. Outros 55%
reduziram os gastos com lazer, enquanto 54% passaram a fazer pesquisas
de preço antes de adquirir um produto e 52% ficaram mais atentos às
promoções, buscando preços menores.
Estabelecer estratégias a fim
de diminuir as despesas em casa passou a ser comum para boa parte dos
entrevistados: entre os consumidores que afirmaram ter mudado seus
hábitos financeiros, 51% buscaram economizar nos serviços de luz, água e
telefone, pensando no valor da conta; 46% adotaram a substituição de
produtos por marcas similares mais baratas; 44% passaram a controlar os
gastos pessoais e/ou da família; e 43% passaram a evitar parcelamentos
muito longos.
A atitude menos adotada a partir da crise econômica
foi o hábito de poupar ao menos uma parte dos rendimentos, mencionada
por apenas 26%.
“Cada família encontrou um jeito de lidar com a
situação, fazendo as despesas caberem no orçamento. Em momentos de
sufoco financeiro, é importante os consumidores ficarem mais atentos aos
gastos com itens supérfluos ou desnecessários e controlarem os gastos
pessoais, mas atitudes como essas são recomendáveis em qualquer contexto
para uma prosperidade financeira. Além disso, ter uma reserva
financeira te ajuda a passar por momentos de crise com segurança e
tranquilidade”, destaca a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela
Kawauti.
Manutenção dos novos hábitos
Em
relação aos sentimentos vivenciados com a mudança de hábitos decorrente
da crise, a pesquisa indica que quatro em cada dez entrevistados
sentiram alívio e tranquilidade por não estourar o orçamento (42%),
enquanto 36% relatam alegria por conseguir manter pelo menos o
essencial. Em contrapartida, 32% mencionam frustração por deixar de
comprar certos produtos de que gostam e 31% fazem referência à limitação
de querer comprar e não poder. Além disso, um em cada cinco
consumidores se sente constrangido por não poder dar para família o que
eles desejam (21%).
Ainda assim, as mudanças parecem ter sido bem
assimiladas pela grande maioria dos entrevistados: supondo que a
situação do país melhore em 2018, 83% pretendem manter os hábitos que
adquiriram durante a crise e somente 8% pretendem abandoná-los.
Para
o SPC Brasil e CNDL, essa disposição para manter atitudes adotadas no
período de adversidades está relacionada aos efeitos positivos nas
finanças pessoais: 52% poderiam dar continuidade aos hábitos adotados
por terem conseguido administrar melhor o orçamento, enquanto 51% dizem
ter aprendido a economizar dinheiro, 50% passaram a controlar o impulso
por compras e 47% aprenderam a fazer compras melhores.
Por outro
lado, o desejo de recuperar o antigo padrão de consumo levaria parte dos
entrevistados a abandonar as práticas adquiridas no período de
adversidades. Dentre aqueles que mudaram seus hábitos em relação ao
dinheiro durante a crise, mas voltariam ao antigo padrão de
comportamento em caso de melhora do cenário econômico, 44% fariam isso
porque querem voltar ao tipo de vida que tinham antes, ao passo em que
26% não se sentiriam mais inseguros em relação ao futuro e por isso não
precisariam mais se controlar.
“Foram quase três anos consecutivos
de recessão, que se estendeu de meados de 2014 ao final de 2016, mas a
economia brasileira voltou a crescer em 2017, ainda que em ritmo
bastante lento. Por outro lado, o quadro geral da economia ainda é ruim,
com poucos reflexos positivos diretos no dia a dia do consumidor.
Portanto, é importante que as pessoas mantenham a prudência nos gastos e
priorizem o planejamento e o controle do orçamento”, indica a
economista Marcela Kawauti.
Agência Brasil
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