13% dos jovens da França entre dezoito e trinta anos não são ‘homem nem mulher’
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Identificação não tem nada a ver com orientação sexual (homossexual, bissexual ou heterossexual) ou com mudança cirúrgica de sexo, segundo pesquisa - (Foto: StockSnap/Creative Commons) |
Nem
homens nem mulheres. Segundo uma pesquisa realizada pelo instituto
OpinionWay, cerca de 13% dos franceses entre 18 e 30 anos não se sentem
identificados nem ao gênero masculino, nem ao feminino, segundo o jornal
francês 20 Minutes.
No
caso da população francesa em geral, de todas as faixas etárias
reunidas, o contingente de pessoas que não se considera homem ou mulher
desce para 6%, segundo pesquisa deste ano efetuada pelo governo francês.
“Isto
não tem nada a ver com orientação sexual (homossexual, bissexual ou
heterossexual) ou com mudança cirúrgica de sexo”, explica o periódico.
“Estas pessoas colocam em causa a dimensão fixa e binária do gênero: ou
elas são nômades do gênero, ou preferem não explicitar seu gênero”,
resume Arnaud Alessandrin, sociólogo especializado em gênero e
discriminações da Universidade de Bordeaux, entrevistado pelo 20
Minutes.
A
dinâmica de identidade apresenta diversas variantes, segundo o jornal.
“Alguns se identificam como sem gênero (8%, na pesquisa Opinion Way),
outros preferem o termo gender fluid (11%). Mas o conceito de
não-binário parece ser o mais adequado, atingindo 36% do público jovem
entrevistado”, afirma o periódico.
Segundo
a artista Agathe Rousselle, entrevistada pelo 20 Minutes, o não-binário
se traduz no cotidiano a “não fazer escolhas em função de seu gênero”.
“Cabelos curtos, rosto andrógino, a artista muda de aparência em função
de seu humor, de manhã. ‘Um dia quero vestir jogging’, conta ela,
‘noutro quero por saltos altos’. Já Alex, jornalista, escolheu um nome
unissex e exige que utilizem pronomes neutros”, publica o jornal.
Moda, imprensa e cultura
“Vimos
emergir esse movimento na moda em 2014”, destaca Karine Espineira,
socióloga e membro do Laboratório de estudos do gênero e da sexualidade
da Universidade Sorbonne Paris VIII. “Ao mesmo tempo, observamos uma
onda do transgênero na imprensa e na cultura. Os dois fenômenos
questionam a identidade do gênero encorporada pela geração dos
millenials”, analisa.
“Um
cara que usa batom vermelho em Paris, tudo bem, mas no interior ele vai
apanhar”, afirma Arnaud Alessandrin. “No entanto, graças às redes
sociais, os jovens podem ver que outras coisas são possíveis, que um
homem possa vestir uma saia ou que uma mulher possa raspar a cabeça.
Vimos as coisas evoluírem para a identidade trans, e a questão da
identidade não-binária poderá seguir pelo mesmo caminho”, afirma o
sociólogo ao jornal.
“Estatisticamente,
ser ‘sem gênero’ continua sendo uma experiência muito marginal, mas a
luta contra os estereótipos de gênero faz muito sentido junto aos
jovens”, continua Alessandrin. Mas não apenas para os jovens. “Segundo
uma pesquisa do governo francês, a YouGov, 36% dos franceses acreditam
que o Estado deveria reconhecer administrativamente a existência de um
‘outro’ gênero”, finaliza 20 Minutes.
G1
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