Suspeito de ser operador do senador José Serra tem R$ 113 milhões em contas na Suíça
Paulo Preto, ex-presidente da Dersa, é investigado em inquérito no STF sobre supostos desvios de recursos do Rodoanel, obra viária que circunda a capital paulista
Documentos
enviados ao Ministério Público Federal em São Paulo por autoridades da
Suíça revelam que o ex-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário
S/A) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, tinha R$ 113
milhões em contas naquele país.
Paulo Preto é investigado em inquérito
no STF (Supremo Tribunal Federal) sob suspeita de ser operador do
senador José Serra (PSDB-SP) em desvios de recursos do Rodoanel, obra
viária que circunda a capital paulista. Ele comandou a Dersa,
responsável pela obra, em governos tucanos, e também é investigado em
São Paulo.
O montante descoberto na Suíça consta de
uma decisão de outubro passado da juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª
Vara da Justiça Federal em São Paulo, que foi anexada ao inquérito no
STF pela defesa de Paulo Preto na terça-feira (20).
Segundo essa decisão, que era sigilosa, o Ministério Público da Suíça compartilhou espontaneamente com procuradores de São Paulo informações sobre a existência de quatro contas no banco suíço Bordier & Cie em nome da offshore panamenha Groupe Nantes S/A, cujo beneficiário é o investigado Paulo Vieira de Souza.
Segundo essas informações, em junho de 2016 as quatro contas bancárias atingiam o saldo conjunto de cerca de 35 milhões de francos suíços, equivalente a R$ 113 milhões, convertidos na cotação atual.Em fevereiro do ano passado, tais valores, segundo as informações vindas da Suíça, foram transferidos para um banco em Nassau, nas Bahamas.
A juíza disse ver fortes indícios da
prática de crimes, bem como o enriquecimento injustificado do
investigado, e decidiu na ocasião autorizar uma cooperação internacional
com a Suíça, além da quebra do sigilo bancário de Paulo Preto, a fim de
obter todas as informações sobre as movimentações bancárias.
O processo na Justiça Federal em São
Paulo trata de supostos desvios no pagamento de indenizações para
pessoas que tiveram imóveis desapropriados para a construção do
Rodoanel.
A defesa de Paulo Preto anexou a decisão
aos autos no STF porque quer que a investigação em São Paulo seja
transferida para o Supremo, sob o argumento de que os fatos apurados têm
ligação -referem-se a desvios nas obras do trecho sul do anel viário.
Com isso, os advogados também pedem que a cooperação internacional autorizada pela juíza de São Paulo seja suspensa.
O inquérito no Supremo foi aberto em
2017 a partir da delação da Odebrecht, que disse ter pago propina no
Rodoanel supostamente em benefício de Serra. O relator do caso no STF,
ministro Gilmar Mendes, deverá decidir sobre os pedidos da defesa.
Procurado pela Folha no final da noite
desta quarta-feira, o advogado de Paulo Preto, José Roberto Santoro, não
foi localizado.
WSCOM com informações da Folhapress
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