Exame Nacional do Ensino Médio para presos começa nesta terça-feira e termina amanhã

Cerca
de 32 mil pessoas privadas de liberdade farão hoje (12) e amanhã (13)
as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em mais de mil
unidades prisionais de 577 municípios. Também será realizado hoje e
amanhã o Enem para os participantes que tiveram direito a uma segunda
aplicação do exame.
O Enem para Pessoas Privadas de Liberdade
(Enem PPL) é destinado a pessoas submetidas a penas privativas de
liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de
liberdade. Os participantes com mais de 18 anos poderão utilizar o
desempenho como mecanismo para acesso à educação superior. Já os menores
de 18 anos, considerados “treineiros”, só poderão utilizar os seus
resultados individuais para a autoavaliação de conhecimentos.
No
Distrito Federal, a preparação dos presos para o Enem é focada
principalmente na redação. “Observamos que os estudantes do sistema
prisional têm muita dificuldade na prova de redação. Por isso,
preparamos alguns aulões muito semelhantes aos que são oferecidos aos
estudantes externamente, inclusive com professores que trabalham no Enem
externo e têm muita experiência com a questão da redação”, explica
Wagdo Silva, diretor do Centro Educacional 01 de Brasília, que é a
escola responsável pela educação do sistema prisional do Distrito
Federal. Os alunos também recebem materiais, como apostilas com o
conteúdo para estudo.
No dia da aplicação da prova, todos os
professores são convocados para ajudar na aplicação do exame. As provas
são realizadas nos núcleos de ensino que ficam dentro das unidades
prisionais. Os agentes penitenciários ficam do lado de fora das salas de
aula fazendo a segurança. Segundo Silva, a aplicação das provas costuma
ser tranquila. “Eu trabalho há 15 anos no sistema prisional como
professor e nunca vi relato de um problema sequer na aplicação das
provas”, diz.
Para ele, a aplicação do Enem é fundamental para os
presos. “A sociedade não tem conhecimento do quanto esses exames são
importantes para as pessoas que estão apenadas. É um ponto de partida
para essas pessoas porque antes elas não tinham essa possibilidade. Nos
últimos anos, há uma quantidade enorme de alunos que chegaram às
universidades por meio do Enem”, acrescenta Silva.
Segundo o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep), mais de 197 mil pessoas presas e jovens sob medida
socioeducativa já participaram do exame entre 2011 e 2016. O Enem PPL é
uma iniciativa do Inep, em parceria com o Departamento Penitenciário
Nacional do Ministério da Justiça e Cidadania (Depen/MJC) e com a
Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Segunda aplicação
O
Enem para os participantes que tiveram direito a uma segunda aplicação
do exame também começa hoje. O Inep estima a participação de 3.606
inscritos, que prestarão os exames em 34 locais de 27 municípios.
Entre
os motivos para a segunda aplicação estão a interrupção do fornecimento
de luz, que afetou 3.574 participantes de nove locais, em Olinda (PE),
Teresina (PI) e Uruaçu (GO). Outros cinco casos são de atendimentos a
demandas judiciais e 27 resultam de deferimentos da Comissão de Demandas
para atender a participantes que tiveram problemas diversos.
Encceja
Nos
dias 19 e 20 de dezembro serão realizadas as provas do Exame Nacional
para Certificação de Competências de Jovens e Adultos para Pessoas
Privadas de Liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua
privação de liberdade (Encceja Nacional PPL). Segundo o Depen, mais de
74 mil presos vão prestar o exame.
Agência Brasil
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