Tribunal Superior Eleitoral livra chapa Dilma-Temer de cassação após 4 dias de julgamento
O
presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, votou contra
cassação da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, por abuso
de poder político e econômico nas eleições de 2014, no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Com isso, a chapa foi inocentada por 4 votos a 3 pela
Justiça Eleitoral.
Uma decisão crucial nesse processo todo foi a de deixar de lado
informações das delações premiadas feitas por executivos da empreiteira
Odebrecht e pelo casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Sem
esse material como provas, a denúncia ficou muito enfraquecida. Esta foi
uma discussão que consumiu bastante tempo dos ministros e que
determinou o resultado.
No final das contas, ministros favoráveis ao uso das delações
consideraram a chapa culpada por abusos. Aqueles contrários ao uso das
provas votaram pela inocência.
Os ministros que votaram a favor da condenação da chapa foram: Herman
Benjamin (relator do caso e membro do STJ), Luiz Fux e Rosa Weber (ambos
membros também do STF).
Aqueles contrários à condenação foram: Gilmar Mendes (presidente da
Corte e membro do STF), Admar Gonzaga, Tarcisio Vieira e Napoleão Maia.
Os dias de julgamento, iniciado na noite de terça-feira (6), foram
marcados pela oposição entre o ministro e relator Herman Benjamin e o
ministro presidente do TSE Gilmar Mendes. Os dois oscilavam da troca de
elogios (falaram repetidas vezes sobre a amizade de 30 anos) a
alfinetadas.
Uma das mais simbólicas discussões entre os dois aconteceu no primeiro
dia. Mendes afirmou que o TSE cassa mais mandatos eletivos do que se
fazia na ditadura. Benjamin retrucou: “Ditaduras cassam quem defende a
democracia. O TSE cassa quem vai contra a democracia”.
Os dois também polarizaram o debate sobre usar ou não as delações
premiadas da Odebrecht. O ministro Benjamin afirmou que a defesa queria
excluir o material pois eram provas “oceânicas”. Ele chegou a afirmar
que seus colegas estavam invertendo a história do TSE.
A argumentação dos ministros contrários ao uso das delações da
Odebrecht, Mendes entre eles, era de que a petição inicial não falava
sobre caixa 2—usar isso no julgamento implicaria extrapolação da demanda
da petição inicial.
Os ministros Admar Gonzaga e Napoleão Maia afirmavam que, ao se aceitar
as delações da Odebrecht, seria preciso pensar também nas delações da
JBS e em outras futuras (uma possibilidade citada foi de que o
ex-ministro Antonio Palocci fechasse uma colaboração premiada).
Com a decisão de não levar em conta as delações, portanto, a denúncia
perdeu forças e a votação inocentou a chapa formada por Dilma Rousseff e
Michel Temer.
Futuro
Michel Temer continua na presidência da República. Mas nem por isso,
deve ter dias fáceis pela frente. A consultoria internacional Eurasia
ainda aponta 30% de chances de que Temer não conclua seu mandato.
À frente, ele vislumbra uma possível delação premiada de Rodrigo Rocha
Loures, ex-deputado e ex-assessor de Temer que teria recebido uma mala
com 500 mil reais da Odebrecht.
O desembarque do PSDB da base aliada também é uma possibilidade. Isso
teria peso em uma eventual votação no Congresso para escolher se uma
possível denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer vá a
julgamento no Supremo Tribunal Federal ou não.
Exame - Foto: Roberto Jayme
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