Problemas de sono podem sinalizar agravamento de tendências suicidas em jovens
Alterações do sono se diferenciam de outros fatores de risco porque são visíveis como um sinal de alarme, afirma pesquisadora
Os problemas de sono podem sinalizar o agravamento de tendências
suicidas em adultos jovens, segundo um estudo publicado nesta
quarta-feira (28) pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, na
revista "Journal of Clinical Psychiatry".
O estudo aponta que o tratamento dos problemas relacionados à falta de
sono pode aliviar a tendência suicida, a segunda causa de morte entre
adultos jovens no país, segundo os Centros de Controle e Prevenção de
Doenças (CDC, na sigla em inglês).
"O suicídio é o resultado trágico de doenças psiquiátricas que
interagem com múltiplos fatores de riscos biológicos, psicológicos e
sociais", destacou Rebecca Bernert, professora de Psiquiatria e Ciências
do Comportamento de Stanford e uma das autoras da pesquisa.
"As alterações do sono se diferenciam de outros fatores de risco porque
são visíveis como um sinal de alarme, ainda que não estigmatizem e
sejam altamente tratáveis", enfatizou Rebecca.
O estudo também apresenta uma importante colaboração para o tratamento
deste problema, que causou a morte de 44 mil pessoas nos EUA em 2016,
segundo a Fundação Americana para Prevenção do Suicídio.
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A pesquisa recolheu tanto informações objetivas quanto reportadas pelos
50 participantes adultos com idades entre 18 e 23 anos e alto risco de
suicídio, selecionados a partir de uma base de investigação de cerca de
cinco mil estudantes universitários.
O sono dos participantes no estudo foi observado objetivamente durante
uma semana, na qual um sensor especial instalado em seus pulsos -
configurado para medir o sono - foi usado a fim de determinar se dormiam
ou se estavam acordados.
Tanto no início da pesquisa como após 7 e após 21 dias, os
participantes responderam questionários para medir a gravidade dos seus
sintomas suicidas, insônia, pesadelos, depressão e consumo de álcool.
Aqueles que tinham um maior grau de variação do momento em que
adormeciam durante a noite até a hora em que acordavam mostraram uma
maior tendência a apresentar sintomas suicidas nas revisões dos 7 e 21
dias. Igualmente, aqueles que reportaram maior quantidade de horas de
insônia e pesadelos mostraram tendências suicidas mais altas.
"Os transtornos do sono e as ideias suicidas são sintomas de depressão,
por isso é fundamental destrinchar estas relações e avaliar os fatores
que se sobressaem para prever o risco", ressaltou Rebecca.
"Acreditamos que o estudo das perturbações do sono pode representar uma
importante oportunidade para a prevenção do suicídio", opinou.
G1
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