Pastor Everaldo recebeu propina para ajudar Aécio Neves em debate na eleição de presidente
O ex-executivo Fernando Cunha Reis, delator na Lava
Jato, afirmou em seu depoimento que, em 2014, a empreiteira baiana
orientou ao candidato do PSC à Presidência da República, Pastor
Everaldo, que durante um debate na TV fizesse perguntas que favorecessem
o candidato tucano Aécio Neves.
A Odebrecht repassou R$ 6 milhões para a campanha de Pastor Everaldo,
segundo o delator. “Como a gente se sentia credor por ter contribuído
tanto para a campanha dele, nós sugerimos a ele que usasse o debate
sempre para perguntar ao candidato Aécio porque aí daria mais tempo ao
Aécio. E analisando a transcrição do debate do primeiro turno se nota
que ele fez perguntas absolutamente simples e inócuas para que o
candidato Aécio pudesse ter tempo na televisão”, disse.
A Odebrecht não tinha preferência por nenhuma candidatura, segundo
Reis, “mas existia a intenção de ajudar aos dois [Dilma e Aécio] e eu
acho que a ideia nesse momento era ajudar o Aécio a chegar ao segundo
turno”. Reis não disse se Aécio sabia da combinação.
A Odebrecht, segundo o delator, se arrependeu de ter doado aquela
quantia para o Pastor Everaldo e concluiu que o repasse foi “muito
grande para quem tem muito pouco para dar”. O delator diz que houve
cálculo errado sobre a importância daquela candidatura. “A gente achou
que ele poderia ter uma grande quantidade de votos, mas foi uma
avaliação completamente errada”, disse.
Aécio foi para o segundo turno contra a então presidente Dilma Rousseff. A petista acabou reeleita.
Segundo o executivo da Odebrecht, Pastor Everaldo foi apresentado a
ele pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso em Curitiba.
Segundo o delator, após a morte do candidato do PSB à presidência,
Eduardo Campos, os votos da comunidade evangélica migraram para sua
sucessora, Marina Silva. “Aí, ele [Pastor Everaldo] praticamente
desapareceu nas pesquisas”, disse.
OUTRO LADO
Em nota, a assessoria de Aécio Neves disse que o candidato do PSDB
“participou de todos os debates, realizados ao vivo e testemunhados por
milhões de brasileiros, respondendo a perguntas de todos os seus
adversários na campanha”.
“Ele não tinha informações sobre doações feitas pela Odebrecht a outras campanhas.”
A assessoria de Pastor Everaldo diz que “é absolutamente fantasiosa a
afirmação de que as bandeiras da campanha de 2014, ou a participação do
Pastor, em qualquer debate, tenham sido influenciadas por uma empresa”.
Classificaram a campanha como “bastante modesta” e disseram que as
doações obedeceram a legislação vigente.
Folha de São Paulo
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