Ex presidente Dilma afirma que "Temer faz o trabalho sujo e não vão tirá-lo"
Ao fazer duras críticas ao governo Temer, Dilma disse acreditar que ele não deve ter o mandato cassado
Em palestra durante o encontro com o coletivo "Boston contra o golpe",
nos Estados Unidos, a presidente deposta Dilma Rousseff afirmou nesta
sexta-feira 21 que "o Brasil não é uma república de bananas". Nesta
quinta, Michel Temer disse, sem citar Dilma e seu tour pelos EUA, onde
denuncia o golpe em todas as falas, que os estrangeiros vão pensar que o
Brasil é um 'paiseco'.
Ao fazer duras críticas ao governo Michel Temer, Dilma disse acreditar
que ele não deve ter o mandato cassado no processo que corre no Tribunal
Superior Eleitoral. "Não existe a menor hipótese de tirarem o Temer.
Não vão, não. É o cara que está fazendo o trabalho sujo. Enquanto ele
estiver fazendo esse serviço, a aliança que o sustenta não deixa ele
cair. Enquanto isso, aumenta o desgaste político e econômico do País",
afirmou Dilma.
Ela voltou a comentar a entrevista à TV Bandeirantes em que Temer
confessou, no sábado passado, que Dilma caiu não por crime de
responsabilidade, mas porque não atendeu às chantagens de Eduardo Cunha.
"Temer teve um sincericídio brutal. Eu fiquei perplexa", declarou,
arrancando risos dos brasileiros presentes. "Todo mundo sabia disso em
Brasília", acrescentou, destacando que a novidade está no fato de ser
"uma confissão de que houve um golpe feita pelo próprio autor".
Ao responder uma pergunta sobre se arrepende de alguma coisa nesse
período, Dilma respondeu que, "se soubesse do nível de absurda traição"
de Temer, "não teria feito parceria" com ele. "Ele não tinha voto nem
para deputado federal", alfinetou, em referência à chapa que venceu a
eleição de 2014, com 54 milhões de votos.
Dilma voltou a dizer que "estão querendo tirar o Lula da parada", em
alusão à eleição de 2018. "É só olhar as últimas pesquisas. Só enquanto
eu estive aqui tiveram três", destacou, sobre os números que mostram
Lula vencendo a disputa presidencial em todos os cenários. "O Lula deve
ter sido pessoa que foi submetido ao maior desgaste político na vida, de
desconstrução da própria biografia", observou Dilma.
A presidente deposta pelo golpe fez críticas também à nova direção da
Odebrecht, que tem vendido diversos ativos da empresa sem consulta
pública. Alguns casos já foram parar na Justiça. "Eles estão vendendo
parcerias que não podiam vender. Sem licitação. Nós não somos contra
parcerias, não somos contra o setor privado. O que somos contra é que
eles (estrangeiros) dirijam a exploração. A gente fazia parceria, mas o
controle era da Petrobras", lembrou Dilma.
Para a petista, hoje, a "elite golpista [no Brasil] quer tornar a
política irrelevante, criando-se condições a uma despolitização grande
para surgimento de salvadorezinhos da pátria". "Alguns estão dizendo que
uma parte dos golpistas se assustou", disse. Questionada se deve se
candidatar a algum cargo na próxima eleição, ela respondeu que não sabe.
"Dos 15 aos 63, eu não tive cargo político e fiz política o tempo
inteiro. Até fui presa, veja só. Eu vou fazer política", finalizou.
Brasil 247
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