Com um propinoduto oceânico, a Odebrecht comprou as cúpulas do governo, do congresso e dos principais estados, um verdadeiro poder paralelo
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Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo: “Essa questão de eu ser um grande doador é o quê? No fundo, é abrir portas. Tudo o que eu pedia gerava uma expectativa enorme de retorno” - (Reprodução/VEJA) |
É espantoso: o Brasil vivia sob um cleptocracia
cujas dimensões só agora começam a ser reveladas com nitidez – e o
susto é generalizado. De tudo o que veio a público ao longo da semana
passada, salta aos olhos que a República Federativa do Brasil talvez
pudesse ser chamada de República Federativa da Odebrecht.
A empreiteira, que cresceu inigualáveis 520% em dez anos antes da
Lava-Jato, superando multinacionais como a Microsoft, literalmente
comprou a cúpula do governo, a cúpula da Câmara, a cúpula do Senado e a
cúpula dos principais governos estaduais. Comprou, à base de propinas ou
dinheiro clandestino para campanhas, o poder nacional. Ao depor sobre o
esquema, o empresário Emílio Odebrecht disse o
seguinte: “A recente história do capitalismo brasileiro, desenvolvido ao
longo das mesmas décadas nas quais a Odebrecht nasceu e se desenvolveu,
nos mostra que essa interação entre o poder público e os agentes
privados só foi possível porque as duas partes aceitaram jogar o mesmo
jogo.” E que jogo! Nele, tudo podia ser comprado e vendido.
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