Sérgio Moro cita TSE e determina sigilo do depoimento de Emílio Odebrecht
A decisão do juiz de colocar sob segredo de Justiça o teor das declarações é inédita e foi feita a pedido da defesa da empreiteira
![]() |
Na ata, ele diz que a medida segue decisão recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as delações de outros executivos da na sexta-feira pelo ministro relator Herman Benjamin - (Foto: Reprodução) |
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos julgamentos da
Lava-Jato em primeira instância, determinou que fique sob sigilo o
depoimento do empreiteiro Emílio Odebrecht, prestado na manhã desta
segunda-feira (13) como testemunha de defesa de seu filho Marcelo
Odebrecht.
O patriarca da Odebrecht falou pela primeira vez ao magistrado por
meio de vídeoconferência na sede da Justiça Federal de São Paulo. A
decisão do juiz de colocar sob segredo de Justiça o teor das declarações
é inédita e foi feita a pedido da defesa da empreiteira, mesmo contra a
argumentação do Ministério Público Federal.
O juiz então decidiu colher os depoimentos e manter em sigilo até a
liberação pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na ata, ele diz que a
medida segue decisão recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre
as delações de outros executivos da na sexta-feira pelo ministro relator
Herman Benjamin.
Em março do ano ano passado, Moro também colocou sob sigilo todos os
documentos da 26ª da Operação Lava-Jato, batizada de “Xepa”, relativos
ao sistema de contabilidade paralela da Odebrecht revelados pela
ex-secretária da empresa Maria Lúcia Tavares.
Emílio foi um dos responsáveis por coordenar junto aos advogados as
negociações com o MPF de uma das maiores colaborações sobre o processo
de corrupção envolvendo a Petrobras, agentes públicos e políticos, e
demais empreiteiras.
O empreiteiro depôs na ação penal da Lava Jato em Curitiba na qual o
ex-ministro Antônio Palocci é acusado de atuar para favorecer os
interesses da Odebrecht junto ao governo federal na contratação de
sondas de exploração do pré-sal com a Petrobras.
Além de Emílio também foram arrolados como testemunhas de defesa para
prestar depoimento Pedro Novis e Márcio Faria, executivos da Odebrecht.
As testemunhas de defesa de Marcelo Odebrecht e Palocci chegaram à sede
da Justiça Federal de São Paulo, centro da capital, para prestar os
depoimentos a Moro. Emílio Odebrecht entrou pela garagem.
Na saída da Justiça Federal, José Roberto Batochio disse que o
resultado do dia foi "muito bom" e que "nada se provou que incriminasse"
seu cliente. Questionado sobre o depoimento de Emilio Odebrecht, o
advogado que defende Palocci relatou que o patriarca da empreiteira
afirmou ter tratado apenas de assuntos institucionais com Palocci e que
até ele era conhecido como "italiano", apelido da lista da Odebrecht
atribuído ao ex-ministro.
"Todas as testemunhas negaram que tivessem tratado qualquer assunto
relacionado a propina, a sonda em águas profundas ou qualquer outra
atividade ilícita. E o Emilio foi muito claro ao dizer que só conversou
com Palocci sobre assuntos institucionais, à medida em que, como
ministro, ele de fato tinha que conversar com a sociedade e setores
empresariais. Ninguém consegue administrar um país fechado num gabinete
entre quatro paredes", pontuou Batochio.
"O resultado foi muito bom. Um ou dois disseram que o italiano era o
Palocci, mas Emilio disse que até ele era italiano, por causa da sua
descendência", continuou.
O advogado finalizou sua conversa com jornalistas classificando a prisão de Palocci como "arbitrária".
"A prisão é absolutamente desnecessária, arbitrária e abusiva. Não
tem sentido manter preso um homem quando se apura se ele é ou não
culpado por alguma coisa." Segundo Batochio, quatro testemunhas de
defesa da Odebrecht foram ouvidas na manhã desta segunda.
ClickPB
Nenhum comentário:
Postar um comentário