Cerca de 15% das instituições de ensino superior têm índice de avaliação insuficiente
Cerca de 15% das instituições de ensino
superior tiveram índices de avaliação considerados insuficientes pelo
Ministério da Educação (MEC). Os dados são do Índice Geral de Cursos
(IGC) de 2015, divulgados hoje (8). O índice leva em consideração o
desempenho dos estudantes, a infraestrutura, formação dos professores e
ainda indicadores da pós-graduação.
Na avaliação da presidente do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini, o IGC de
2015 “não indica uma melhoria significativa das instituições avaliadas.
Temos um mesmo patamar de qualidade.”. O IGC vai de 1 a 5, sendo 1 e 2
considerados insuficientes. Nesse ano, 0,4% das instituições obtiveram o
índice 1; 14,4%, 2; 67%, 3; 16,6%, 4; e, 1,1%, o índice 5. Outras
0,4% ficaram sem conceito devido a mudança de metodologia ou problemas
na aplicação do exame.
As instituições públicas obtiveram desempenho melhor que as privadas
nos índices; 28% obtiveram conceito 4 e 4,9% conceito 5. Entre as
particulares, essas porcentagens foram respectivamente 15% e 0,6%.
A pasta divulgou também o chamado Conceito Preliminar de Curso (CPC)
que, em 2015 avaliou os cursos de graduação de administração,
administração pública, ciências contábeis, ciências econômicas,
jornalismo, publicidade e propaganda, design, direito,
psicologia, relações internacionais, secretariado executivo, teologia e
turismo. Além dos cursos tecnológicos de comércio exterior, designs de interiores, moda, gráfico, gastronomia, de gestões comercial, qualidade, recursos humanos, financeira, pública, logística, marketing e processos gerenciais.
Entre os cursos, 0,3% tiveram o conceito 1 e 11%, 2, considerados
insuficientes. Outros 57,7% obtiveram o conceito 3; 26,5%, 4 e 1,2%, 5.
Considerados os cursos, as instituições particulares superaram em
porcentagem as públicas com o conceito máximo, 1,4% obtiveram conceito 5
contra 0,4%. Com avaliação 4, as públicas superaram as privadas, com
32,9% dos cursos avaliados contra 25,5% das particulares.
“Como educadora, qualquer percentual que se apresente abaixo da média
é preocupante para quem faz uma educação de qualidade, que deseja isto
como objetivo de Estado e nação”, avalia Mariangela Abrão,
coordenadora-geral substituta de Controle da Qualidade da Educação
Superior do Inep. Ela destaca que nos últimos anos houve um aumento no
número de pessoas que fazem o ensino superior e que, após a expansão, é
necessário melhorar a qualidade.
Nessa edição, foram avaliados 8.121 cursos de 2.109 instituições de
ensino. Foram inscritos 549.487 concluintes e 447.056 participaram da
avaliação.
Entenda os indicadores
Anualmente o Inep avalia o ensino superior por meio de uma série de
indicadores. Um deles é o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
(Enade), aplicado aos estudantes concluintes do ensino superior. A cada
ano um grupo diferente de curso é avaliado. A cada três anos, todos os
cursos são apreciados.
Além das provas do Enade, os estudantes respondem a um questionário
sobre condições socioeconômicas e sobre o curso e a instituição. O
questionário contém, por exemplo, questões sobre infraestrutura e
condições de ensino e aprendizagem. Tanto as provas do Enade quanto o
questionário são obrigatórios para os concluintes dos cursos avaliados,
que ficam impedidos de receber o diploma caso deixem de fazer o exame
sem justificativa.
O CPC é calculado com base principalmente no desempenho dos
estudantes Enade, nos dados obtidos por meio do questionário do
estudante e nos dados dos professores obtidos no Censo da Educação
Superior. São considerados por exemplo, o número de mestres e doutores
na instituição, bem como as condições de trabalho.
O IGC é calculado com base no CPC e em avaliações dos cursos de
pós-graduação feitas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes). Para que todos os cursos da instituição sejam
considerados, o cálculo é feito com base nos três últimos CPCs.
Tanto o CPC quanto o IGC são distribuídos em conceitos de 1 a 5, por meio da chamada curva de Gauss
– gráfico de distribuição normal de um determinado conjunto de dados e
representa uma função que possui propriedades peculiares -. A faixa 3 é
definida pelo Inep como a média. Os cursos que mais se distanciam da
média seja para cima ou para baixo são distribuídos nos demais
conceitos.
Qualidade
Devido aos mecanismos de cálculo e a distribuição na curva de Gauss,
Mariangela explica que os conceitos não dizem se os cursos e
instituições são ou não de excelência, apenas permite uma comparação
entre os mesmos. Um curso que obtém conceito 5 é apenas um curso que se
distancia positivamente da média. “Poderia se tratar apenas de um menos
pior dos cursos.”
Segundo ela, o Inep, em conjunto com educadores e especialistas,
busca formas de melhorar os índices. A intenção é que as questões do
Enade tenham uma mesma matriz de dificuldade, o que vai permitir a
comparação dos exames de um ano em relação a outro – o que atualmente
não é possível – e que sejam estabelecidos critérios mais claros para
que uma instituição ou curso receba conceitos máximos ou mínimos.
Os novos critérios deverão ser desenvolvidos ao longo de 2017 e poderão ser aplicados nas avaliações de 2018.
Agência Brasil
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