Soldado japonês lutou por 29 anos sem saber que a guerra havia terminado
Publicado por: Alana Beltrão
Soldado
de guerra desde os 20 anos, Hiroo Onoda lutou com tanta devoção que não
percebeu quando a guerra acabou e continuou lutando. Se você está se
perguntando como isso é possível, continue lendo a história deste homem
corajoso e muito teimoso.
Em dezembro de 1944, Onoda foi enviado
às Filipinas. Sua missão, descrita em nota por Major Yoshimi Taniguchi,
era a de manter-se vivo. Um trecho da nota, em uma tradução livre, diz
que “Isso pode levar três anos, pode levar cinco, mas aconteça o que
acontecer, nós vamos voltar até você.”
Filipinas
Após chegar ao seu destino, Onoda viu a
ilha onde estava ser invadida por tropas inimigas. Alguns oficiais se
recusaram a cumprir as ordens de Onoda, que queria destruir o aeroporto e
o porto locais. O lado positivo foi que isso fez com que as forças
aliadas tivessem mais facilidade de chegar à ilha. Em seguida, a ilha
foi totalmente conquistada por soldados japoneses, divididos em grupos e
espalhados. Aos poucos esses soldados começaram a morrer, mas a pequena
tropa de Onoda continuava com suas estratégias de guerrilha e
sobrevivência.
Em outubro de 1945, Onoda e seus
soldados ouviram alguém anunciando, aos gritos, que a guerra havia
acabado, pedindo para que todos os soldados se apresentassem. Onoda
pensou que o aviso era, na verdade, uma armadilha. Para ele, não fazia
sentido que o Japão tivesse perdido tão rapidamente. Ele ainda nem sabia
a respeito das bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki.
Folhetos, jornais e cartas
Após algum tempo, um avião sobrevoou a ilha e jogou alguns folhetos para informar aos possíveis soldados presentes que haveria mais uma tentativa de busca. Onoda, mais uma vez, desconfiou da veracidade das informações.
Após algum tempo, um avião sobrevoou a ilha e jogou alguns folhetos para informar aos possíveis soldados presentes que haveria mais uma tentativa de busca. Onoda, mais uma vez, desconfiou da veracidade das informações.
Depois da primeira distribuição de
folhetos, mais alguns foram lançados, agora acompanhados de jornais, com
notícias a respeito do fim da guerra, além de fotografias e cartas
escritas pelos familiares dos soldados. Feito esse contato, alguns
delegados de guerra chegaram a entrar na ilha, pedindo para que os
soldados escondidos aparecessem, contando sobre o fim da guerra em
alto-falantes.
Anos se passaram e a pequena tropa de
Onoda, formada por quatro soldados, continuou escondida. Com o passar do
tempo, mesmo vendo que outras pessoas estavam circulando livremente,
usando roupas comuns, Onoda continuava a achar que se tratava de uma
tentativa de sabotagem.
Encontro
Aos poucos, dois membros do grupo de Onoda saíram, restando ele e apenas mais um companheiro. Os dois viveram escondidos por mais 17 anos. Eles ainda acreditavam que, eventualmente, mais tropas inimigas apareceriam para confronto ou que o Japão pudesse enviar mais tropas para treinamento.
Aos poucos, dois membros do grupo de Onoda saíram, restando ele e apenas mais um companheiro. Os dois viveram escondidos por mais 17 anos. Eles ainda acreditavam que, eventualmente, mais tropas inimigas apareceriam para confronto ou que o Japão pudesse enviar mais tropas para treinamento.
Após 27 anos de fuga, o parceiro de
Onoda morreu durante uma briga com uma patrulha filipina. A morte deste
soldado serviu de alerta ao governo japonês, que acreditava, até então,
que todos os soldados que não retornaram estavam mortos.
O mais irônico vem a seguir: quem, de
fato, encontrou Onoda foi um estudante que, em 1974, decidiu viajar para
alguns lugares do mundo. Um de seus objetivos era encontrar um panda, o
tenente Onoda e o abominável homem das neves. Parece piada, mas é
verdade. Pelo menos o tenente ele encontrou.
Resgate
É claro que Onoda se recusou a
acompanhar o estudante, afinal, seu comandante havia dito, há 29 anos,
que voltaria para buscá-lo, independente do que acontecesse. O estudante
voltou ao Japão e procurou o comandante Major Taniguchi , que enviou
Onoda às Filipinas. Ele já estava aposentado e trabalhava em uma
livraria. Taniguchi foi até Onoda e contou que a guerra, de fato, havia
acabado. Ele estava finalmente liberado para voltar ao Japão.
Onoda ficou visivelmente revoltado ao
analisar toda a situação e pensar no tempo que perdeu, escondendo-se de
inimigos que nem mesmo existiam. Em nota, ele disse que se sentiu um
tolo, que tudo à sua volta estava negro, como em uma tempestade.
De volta ao Japão, Onoda virou herói
pela dedicação que demonstrou ter com o seu país. Ele também recebeu o
pagamento relativo aos 30 anos de trabalho. Com o dinheiro, mudou-se
para o Brasil, onde comprou uma chácara e se casou. Ele também escreveu
um livro a respeito dos seus 30 anos de guerra.
Em 1984, Onoda voltou ao Japão, onde
criou uma escola para ensinar técnicas de sobrevivência e independência
aos jovens de seu país. Em 1996, ele retornou às Filipinas e doou US$
10.000 para escolas locais. Em uma de suas frases mais famosas, Onoda
diz: “Os homens nunca deveriam desistir. Eu nunca desisto. Eu odiaria
perder.”
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