Homem diz ter matado a irmã por ela insistir em postar fotos sensuais na internet
O irmão de Qandeel Baloch, paquistanesa considerada celebridade na
internet, morta no último sábado (16), admitiu ter cometido o
assassinato da jovem porque ela não aceitava parar de postar fotos e
vídeos sensuais nas redes sociais.
No país muçulmano conservador como o Paquistão, as selfies de Baloch provocavam polêmica e quebravam tabus.
“Não estou envergonhado. É claro que a estrangulei”, afirmou Muhammed
Wasseem em coletiva de imprensa organizada pela polícia. Ele foi preso
no mesmo dia e confessou ter cometido o “crime de honra”. As informações
são do tabloide Daily Mail.
O irmão da paquistanesa declarou tê-la matado na casa da família, no
primeiro andar, enquanto seus pais dormiam no piso superior da casa.
“Eram aproximadamente 22h45min quando dei um tablet para ela e a matei”,
disse Muhammed. Ele definiu o comportamento de Qaandeel como
“completamente intolerável”.
Assassinato
A polícia registrou o caso como assassinato, baseada em uma queixa
por escrito de seu pai, em que ele acusa o filho de matar a irmã por
motivo de honra, “porque queria que ela abandonasse o showbiz”.
Centenas de mulheres são mortas por motivo de honra anualmente no
Paquistão. Os assassinos não costumam ser punidos, por causa de uma lei
que permite à família da vítima perdoar o agressor, que costuma ser um
parente.
A cineasta Sharmeemn Obaid-Chinoy, cujo documentário sobre crimes de
honra ganhou um Oscar este ano, classificou o assassinato de Qandeel
como sintoma de uma “epidemia” de violência contra as mulheres no
Paquistão.
Qandeel se tornou famosa no Paquistão em 2014, quando publicou um
vídeo em que olhava para a câmera de forma sensual e perguntava como
estava sua aparência.
Seu desafio às tradições e sua defesa de visões liberais lhe renderam vários admiradores entre a população jovem.
Mas em um país onde as mulheres lutam por seus direitos há décadas, e
em que ataques com ácidos e crimes de honra são frequentes, ela também
era rejeitada por muitos e costumava ser vítima de misoginia.
Qandeel causou polêmica em junho, ao posar para selfies com um
clérigo, que foi severamente repreendido pelo Ministério de Assuntos
Religiosos do país.
No começo do ano, ela prometeu fazer um striptease se a seleção de
críquete do Paquistão vencesse a Índia em um campeonato, mas a equipe
não conseguiu o feito.
Em entrevista ao principal jornal de língua inglesa do Paquistão,
“Dawn”, a jovem contou que foi obrigada a se casar aos 17 anos, com “um
homem rude”, com quem teve um filho e de quem acabou se divorciando.
Ela falou repetidamente em deixar o país por temer por sua segurança.
Segundo o jornal, seu pedido de proteção policial foi ignorado.
Sharmeemn Obaid-Chinoy disse à agência AFP que o crime mostra que
nenhuma mulher estará a salvo no Paquistão “até que comecemos a mandar
para a cadeia os homens que as matam”.
Fonte: O sul
Nenhum comentário:
Postar um comentário