Waldir Maranhão demite secretário-geral após eleição na Câmara ser antecipada
Na
foto, o agora secretário-geral Silvio Avelino (dir) assessora na mesa
diretora da Câmara os deputados Giacobo (PR-PR) e Beto Mansur (PRB-SP)
O
presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), exonerou
nesta sexta-feira (8) o secretário-geral da Mesa Diretora, o servidor
Silvio Avelino, em retaliação ao fato de o subordinado ter participado,
na véspera, da reunião na qual líderes partidários desautorizaram sua
decisão de convocar para a próxima quinta (14) a eleição que escolherá o
sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No encontro, os líderes
anteciparam para terça-feira (12) a definição do presidente para o
mandato tampão.
Afastado do comando da Câmara desde maio por ordem
do Supremo Tribunal Federal (STF), Cunha renunciou à presidência da
Casa nesta quinta (7) em um pronunciamento no Legislativo.
Com a
oficialização da renúncia, Maranhão tinha até 5 sessões da Câmara para
realizar a eleição do novo presidente. Poucas horas após o peemedebista
deixar o cargo, o interino anunciou a votação para a próxima quinta.
No
entanto, aliados do presidente da República em exercício, Michel Temer,
queriam maior celeridade na escolha do substituto de Cunha e
pressionaram para que a eleição fosse antecipada para terça.
O
líder do PSD, Rogério Rosso (DF) – um dos nomes cotados para suceder
Eduardo Cunha –, queria que o pleito fosse realizado na segunda-feira
(11). Já o primeiro-secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), defendia
que a eleição acontecesse na quarta (13).
Sem consultar Maranhão,
as lideranças da Câmara se reuniram no final da tarde desta quinta e
remarcaram a eleição para terça-feira. O regimento interno permite que o
colégio de líderes convoque sessões extraordinárias para, inclusive,
realizar eleições para a presidência da Casa.
Responsável pela
condução dos trabalhos no plenário da Câmara, o secretário-geral da Mesa
Diretora participou do encontro com os líderes. Silvio Avelino afirmou
que comunicou ao presidente em exercício que iria acompanhar a reunião.
“Avisei
que teria de participar [da reunião] na condição de secretário-geral da
Mesa Diretora da Câmara. As decisões do colégio de líderes interferem
nas decisões do plenário. Não teria como não participar de reunião
convocada pelos líderes”, justificou Avelino.
O agora
ex-secretário da Mesa Diretora foi comunicado de sua demissão na manhã
desta sexta, pessoalmente, pelo próprio Waldir Maranhão. Segundo
auxiliares do presidente interino, ele tomou a decisão porque ficou
contrariado com o fato de Avelino ter participado do encontro.
“Waldir
Maranhão avaliou que um secretário-geral da Mesa Diretora não pode
fazer coisas à revelia do presidente da Casa”, contou um dos assessores
do presidente interino.
Silvio Avelino relatou que, ao informá-lo
da exoneração, Maranhão lhe disse que precisava do cargo. “Ele falou que
a questão virou muito mais política do que técnica e que precisaria do
cargo”, disse o ex-secretário.
A exoneração de Avelino deve ser
oficializada ainda nesta sexta em uma edição extraordinária do “Diário
Oficial da Câmara”. Funcionário de carreira da Casa, o agora
ex-secretário deve ser remanejado para outra área da casa legislativa.
“Não
me surpreendi com a demissão. Já havia comentários pela Câmara de que
havia essa possibilidade. Agora, vou ver para onde a Casa vai me
mandar”, ressaltou Avelino.
Com a antecipação da eleição, os
candidatos para a presidência da Câmara terão até as 12h de terça para
formalizarem as candidaturas. Até o momento há, ao menos, oito
potenciais candidatos, sendo sete de partidos aliados, o que pode gerar
um racha na base do governo.
CCJ
Com a antecipação da eleição, o pleito vai acontecer no mesmo dia em
que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) tem reunião marcada para
votar o parecer de um recurso de Cunha. O parecer do deputado Ronaldo
Fonseca (PROS-DF) recomenda que seja realizada uma nova votação processo
que pede a cassação de Cunha no Conselho de Ética.
A sessão
estava marcada para segunda-feira, mas foi adiada para terça pelo
presidente do colegiado, Osmar Serraglio (PR-RS). Com a eleição para a
presidência da Câmara marcada para o mesmo dia, a votação do parecer na
CCJ poderá ser inviabilizada, uma vez que quando há votações no plenário
principal da Casa todas as outras comissões não podem fazer
deliberações.
Manobra
A decisão do colégio de líderes irritou adversários de Eduardo Cunha que saíram da reunião dizendo que o agendamento da eleição para terça-feira foi “antirregimental”.
Segundo o líder de Rede, Alessandro Molon (RJ), a reunião não poderia ter acontecido porque o requerimento de convocação foi assinado por líderes de partidos que não têm o número de deputados suficientes para convocar reunião do colégio de líderes.
A decisão do colégio de líderes irritou adversários de Eduardo Cunha que saíram da reunião dizendo que o agendamento da eleição para terça-feira foi “antirregimental”.
Segundo o líder de Rede, Alessandro Molon (RJ), a reunião não poderia ter acontecido porque o requerimento de convocação foi assinado por líderes de partidos que não têm o número de deputados suficientes para convocar reunião do colégio de líderes.
“O
colégio de líderes foi convocado sem a maioria absoluta [257
parlamentares] dos membros da Casa representados por seus líderes. Tem
menos do que 257”, reclamou Molon.
O parlamentar da Rede ressaltou que a decisão do colégio de líderes é uma “manobra” para salvar o mandato de Cunha.
“Primeiro,
Cunha renuncia no dia de hoje. Em seguida, convoca-se o colégio de
líderes para marcar a eleição de novo presidente da Câmara. O deputado
Serraglio cancela a CCJ. E agora marcam a eleição antes da votação do
parecer da CCJ. É evidente que se trata de uma manobra para salvar o
mandato de Cunha e nós não vamos participar disso”, denunciou Molon.
Outro
pré-candidato à corrida pela sucessão de Eduardo Cunha, o deputado
Júlio Delgado (PSB-MG) disse que aliados do agora ex-presidente
trabalharam para antecipar a eleição para escolher um aliado do
peemedebista que possa interceder para evitar a cassação.
“Eles
querem antecipar a eleição para proteger o Eduardo Cunha. Isso tem que
ficar claro para sociedade. Querem protegê-lo não só na CCJ, mas também
no plenário da Câmara.”
O líder do governo na Câmara, deputado
André Moura (PSC-SE), afirmou que a reunião do colégio de líderes
aconteceu dentro das normas previstas pelo regimento da Casa.
“Essa
foi a posição da maioria dos líderes, que representam 280 deputados,
está dentro do regimento da Casa. E agora é cumprir o que foi
determinado pelos líderes […] Não há nenhum tipo de interferência do
governo nem no processo de cassação de Cunha, nem no processo de eleição
de seu sucessor”, enfatizou.
De acordo com a Secretaria-Geral da Mesa, a decisão dos líderes de antecipar as eleições foi regimental.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário