Michel Temer tem 70% de desaprovação; Dilma Rousseff é rejeitada por 75%
O histórico de Temer foi de 61% de
desaprovação em fevereiro (quando ainda era apenas vice-presidente) para
67% em maio e 70% agora. A margem de erro é de três pontos porcentuais.
Há uma diferença entre a avaliação da pessoa de Temer e a de seu
governo. Desde que assumiu a Presidência, o interino tornou-se mais
famoso: a taxa dos que não opinavam sobre ele por desconhecê-lo caiu de
33% em fevereiro para 11% agora. Isso explica em parte por que sua
desaprovação cresceu, assim como é o motivo de sua aprovação ter subido
de 6% para 19% no mesmo período. Em relação ao governo, porém, aconteceu
o contrário.
Desde que Dilma foi afastada, a taxa dos brasileiros que não sabem
opinar sobre o governo pulou de 2% para 22%. Cresceu também a proporção
daqueles que julgam a gestão do País como regular (foi de 21% para 29%).
Já as avaliações positivas e negativas se moveram para baixo. A taxa de
ótimo e bom oscilou de 9% para 6%, enquanto a de ruim e péssimo
despencou de 69% para 43%. Pode-se interpretar essa queda como um voto
de confiança no governo interino ou, mais provavelmente, como uma
expectativa cautelosa até que ele mostre a que veio.
Quando Dilma e Temer tomaram posse, ela como presidente e ele como
vice, o movimento da opinião pública já era crítico. Em janeiro de 2015,
42% avaliavam o governo como ruim ou péssimo, e 29%, como regular. São
taxas praticamente iguais às de agora. A diferença é que, em 2015, 28%
diziam ser um governo ótimo e bom, contra apenas 6% agora. A perda de
aprovação aconteceu sob Dilma – com vales de 4% ótimo/bom – e Temer
ainda não a recuperou.
A primeira pesquisa sobre a sua gestão mostra que o interino terá de
fazer algo muito positivo para se diferenciar da antecessora. O
principal objetivo de Temer e seu staff é a condenação de Dilma pelo
Senado e o seu afastamento definitivo. Essa condição até pode ser
necessária, mas a pesquisa do Ipsos mostra que dificilmente será
suficiente – ao menos do ponto de vista da opinião pública.
A taxa dos que acreditam que o rumo do País está errado não diminuiu
após a posse de Temer: oscilou de 88% para 89% entre maio e junho. Os
que acham o contrário – que o Brasil está indo na direção certa – eram
7% em abril, chegaram a 12% em maio e agora estão em 11%. O tamanho da
mudança de opinião diante de um evento tão dramático quanto a troca de
presidente é quase marginal: um ganho de apenas quatro pontos
porcentuais.
Há outras respostas que mostram o quão difícil é a missão de Temer
para se tornar popular. O tema em que a atuação do interino é mais
criticada é justamente aquele que Temer se propôs a reformar: a
Previdência Social. A taxa dos que reprovam o que ele fez até agora
nesse assunto é praticamente o dobro dos que aprovam: 44% a 23%. O terço
restante não soube responder.
A desaprovação de Temer é igualmente alta – no patamar dos 40% – no
que diz respeito ao Minha Casa Minha Vida (43%), ao combate ao
desemprego (44%), ao Bolsa Família (43%), ao déficit público (41%), à
crise política (42%), à inflação (40%) e à corrupção (40%). Na opinião
pública, a gestão de Temer é quase uma extensão do administração Dilma,
uma espécie de governo “Demer”.
Parte é culpa de Temer. Mas é também porque a desaprovação aos
políticos é geral: 56% desaprovam Marina Silva; 63%, Aécio Neves; 68%,
Lula; 55%, Geraldo Alckmin e José Serra. Quase não sobra ninguém: 55%
aprovam Sergio Moro, e 42%, Joaquim Barbosa.
Blog do Gordinho com Estadão
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