Bancadas da bala, da Bíblia e do boi pressionam o vice-presidente Michel Temer
Publicado por:
Alana Beltrão
Formada por parlamentares ruralistas,
evangélicos e defensores de propostas ligadas à segurança pública, a
chamada bancada BBB – uma referência à “Boi, Bíblia e Bala” – foi
fundamental na votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no
último dia 17. Em decorrência disso, cobra interlocução maior com o
vice-presidente Michel Temer (PMDB) e o apoio dele à suas agendas no
Congresso Nacional.
A proporção de votos que seus
integrantes deram contra a petista foi muito maior do que o apresentado
no resultado final. O placar do plenário da Câmara foi de 367 votos a
favor e 137 contra, uma proporção de 2,6 a favor para cada voto
contrário. Na bancada evangélica, o placar foi 163 x 24 (uma proporção
de 6,7 a 1), enquanto na da segurança foi 245 x 47 (5,2 favoráveis para
cada contrário).
O desempenho faz com que essas bancadas
queiram conquistar na era Temer toda a interlocução com o governo e
apoio oficial no andamento de sua agenda no Congresso. “Já fomos até ele
e sugerimos que ele crie uma interlocução oficial com a bancada BBB.
Ele tem que entender que não é só interlocução com os líderes
partidários que adianta”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante
(DEM-RJ), tesoureiro da Frente Parlamentar Evangélica.
Na avaliação do parlamentar, esse foi um
dos principais erros dos governos do PT. O deputado afirma que só houve
diálogo do governo com a bancada evangélica nos dois primeiros anos do
governo Luiz Inácio Lula da Sila, entre 2003 e 2005. “De lá para cá,
nunca mais houve uma interlocução para equilibrar a pauta da esquerda
com as nossas. Pelo contrário, sempre fizeram questão de fazer confronto
ideológico”, reclama Cavalcante.
De acordo com o tesoureiro da Frente
Evangélica, a pressão de pastores sobre deputados da bancada foi
decisiva para a aprovação do impeachment de Dilma, entre eles Silas
Malafaia (Assembleia de Deus), Edir Macedo (Igreja Universal) e
Valdemiro Santiago (Igreja Mundial do Poder de Deus).
Bala
Por sua vez, a bancada da bala espera
que Temer abra espaço para aprovação de assuntos ligados à pauta
conservadora, como a redução da maioridade penal e a flexibilização do
Estatuto do Desarmamento.
“É por isso que até agora não colocamos
para votar essa questão do Estatuto do Desarmamento. Sabemos que na Casa
passa, mas a presidente veta. Precisamos conversar mais com Michel para
ter a possibilidade de fazer uma pauta positiva”, diz Alberto Fraga
(DEM-DF), coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública, na
Câmara.
Na avaliação do deputado, que é coronel
reformado da Polícia Militar, o caráter majoritariamente conservador dos
integrantes da bancada foi determinante para dar uma votação
pró-impeachment acima da média. “Já esperávamos uma votação assim. A
bancada da segurança pública, em sua maioria esmagadora, é conservadora,
é de direita”, afirma Fraga.
Ruralistas
Dentre os integrantes da bancada
ruralista, a proporção foi menor que a do plenário. Foram 64 votos a
favor e 33 contrários (1,9 a favor para cada contrário). A explicação é
que boa parte da Frente é integrada por parlamentares ligados ao
petismo, como os egressos da agricultura familiar.
Ainda assim, o deputado Jerônimo Goergen
(PP-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, quer que
Temer foque sua gestão no agronegócio. A bancada quer que o peemedebista
“feche as torneiras” para os programas de interesse do Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST). Ela também defende o apoio de Temer à
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere do Poder
Executivo para o Congresso Nacional a palavra final sobre a demarcação
de terras indígenas no Brasil. As informações são do jornal
Fonte: ESTADO DE MINAS
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