Após ser vice-campeã em 2018, Croácia vence seleção do Marrocos por 2 a 1 e conquista o terceiro lugar na Copa do Mundo do Catar
Foto: Reprodução, redes sociais
LUCIANO TRINDADE - DOHA, QATAR (FOLHAPRESS) - Croácia e Marrocos não serão mais vistas como as mesmas equipes após a Copa do Mundo no Qatar.
Para
os croatas, o torneio foi a chance de reafirmar seu novo status no
cenário mundial, provando que o vice-campeonato em 2018, o melhor
desempenho da geração liderada por Luka Modric, 37, não foi sorte ou
obra do acaso.
Desde
1991, com o desmembramento da antiga Iugoslávia, é a terceira vez que
eles ficam entre as quatro melhores seleções do mundo. A primeira foi em
1998, na França.
Para os marroquinos, foi um pouco mais. Eles são
donos, agora, da melhor campanha de uma nação africana e de língua árabe
na história da competição.
O máximo alcançado por um africano havia sido as quartas de final: Camarões, em 1990, Senegal, em 2002, e Gana, em 2010.
O
fato de a Croácia ter vencido neste sábado (17) a disputa entre os dois
países pelo terceiro lugar, por 2 a 1, no estádio Khalifa, ficou apenas
como pano de fundo em trajetórias das quais as torcidas dos dois países
podem se orgulhar.
Mesmo assim, eles ainda fizeram um grande jogo.
Disputas
de terceiro lugar costumam ter jogos frios, com as equipes sem muito
ânimo, como se jogar fosse apenas uma obrigação. Não foi o caso de
Croácia e Marrocos, ambas determinadas a vencer desde o primeiro minuto.
Os
croatas desde o início buscaram ocupar o campo de ataque. Ainda que um
pouco mais distante da área, quase como um volante, Modric se deslocava
de um lado para outro, cavando espaços para seus companheiros infiltrar a
defesa. Em sua despedida das Copas, ele quis mostrar todo seu
repertório.
Depois de se ver forçado a mudar seu estilo contra
a França, na semifinal, quando tomou um gol logo cedo, o time de
Marrocos retomou o seu futebol pragmático, apostando nos contra-ataques.
Nem quando sofreu um gol logo cedo, em uma linda jogada ensaiada dos
croatas, eles mudaram a postura.
Parecia até uma
dança coreografada, algo que o técnico Zlatko Dalic não é dos mais fãs.
Pelo menos, não em campo. Mas a cobrança de falta que abriu o placar,
aos 7 minutos, foi orquestrada por ele.
Após cruzamento à esquerda da
grande área, Perisic deu uma assistência de cabeça para Gvardiol,
também pelo alto, testar firme para o fundo da rede.
Como fez
em todos os jogos desta Copa, a torcida marroquina cresceu justamente no
momento em que a equipe mais precisava. Desta vez, os jogadores não
demoraram a reagir. Aos 8, eles devolveram o gol com o mesmo veneno.
Ziyech cruzou na área e Dari cabeceou para o gol.
Quando o empate
parecia que se estenderia até o intervalo, mesmo com os croatas rondando
mais a área adversária, Orsic surpreendeu o bom goleiro Bono com um
chute de curva, que bateu na trave antes de morrer no fundo da rede, aos
42.
Depois do intervalo, foi a vez do Marrocos ser mais
presente no ataque, em busca do empate, mas os croatas provaram
novamente que são bons de aplicação tática defensiva.
Eles trancaram o Brasil dessa forma nas quartas de final. Só não conseguiram fazer o mesmo com a Argentina na semifinal.
Aos
32 minutos, os marroquinos ainda reclamaram de um pênalti, supostamente
sofrido por Gvardiol. Revoltada com a não marcação do pênalti, a
torcida gritou "Fifa máfia."
A derrota não apaga o grande
feito de Marrocos, que alcançou nesta edição a melhor campanha de uma
equipe africana em Copas do Mundo. Um resultado que encheu de orgulho,
também, as nações árabes, justamente na primeira edição realizada no
Oriente Médio.
Desde que passou da fase de grupos, eliminando a
Bélgica, os marroquinos passaram a ser tratados como a grande surpresa
da Copa do Mundo. O rótulo incomodava Walid Regragui. Para o técnico
marroquino, os resultados eram fruto de um "trabalho duro."
Foram
anos para montar a seleção que conquistou fãs no Qatar e ao redor do
mundo. A formação começou com o garimpo de atletas que pudessem defender
o país, mas que até algum tempo atrás estavam fora do radar.
Eram
os filhos e netos de migrantes que, na maioria das vezes, optavam por
defender seleções de países europeus onde seus familiares se
estabeleciam na busca por uma vida melhor.
Reverter esse fluxo
e incorporar à seleção marroquina o talento de atletas com DNA da nação
foi o trabalho que teve como resultado a formação de um elenco com
atletas nascidos no Velho Continente. Eles fizeram a diferença.
O
franco-marroquino Romain Saiss, por exemplo, marcou na vitória sobre a
Bélgica. Nascido na Holanda, Ziyech deixou sua marca contra o Canadá. Em
um dos momentos mais emocionantes na competição, coube a Achraf Hakimi,
nascido em Madri, converter o último pênalti na vitória sobre a
Espanha, nas oitavas.
Depois de passar por Bélgica, Espanha e
Portugal, Marrocos só caiu diante da França, atual campeã. Mas vendeu
caro a derrota por 2 a 0 na semifinal, mostrando que não estava ali por
acaso.
Como Regragui orgulha-se de dizer, tudo fruto de um duro trabalho, agora, reconhecido.
Algo que os croatas já estão mais acostumado, principalmente Modric, que de forma honrosa disputou sua última Copa do Mundo.
CROÁCIA
Livakovic;
Stanisic, Sutalo e Gvardiol; Orsic (Jakic), Majer (Pasalic), Kovacic,
Modric e Perisic; Livaja (Petkovic) e Kramaric (Vlasic). Técnico: Zlatko
Dalic
MARROCOS
Bono;
Hakimi, Dari, El-Yamiq (Amallah) e Attiyat-Allah; Ambrabat, El
Khannouss (Ounahi) e Sabiri (Chair); Ziyech, Boufal e En-Nesyri.
Técnico: Walid Regragui
Estádio: Internacional Khalifa, em Doha (Qatar)
Público: 44.137
Árbitro: Abdularhman Al Jassim (Qatar)
Assistentes: Taleb Al Marri e Saoul Ahmed Almaqaleh (Qatar)
VAR: Julio Bascunan (Chile)
Cartões amarelos: Ounahi e Amallah (MAR)
Gols: Gvardiol (CRO), aos 7', Dari (MAR), aos 8', e Orsic (CRO), aos 41'/1ºT.
Notícias ao Minuto
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