O então presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Ricardo Marcelo, queria proibir que o deputado estadual Antônio Petrônio de Souza, o Toinho do Sopão, continuasse a usar o chapéu de vaqueiro como parte de sua indumentária naquela Casa. Ricardo Marcelo acreditaria que o adereço era impróprio para o ambiente parlamentar. Esse assunto poderia ficar restrito às discussões sobre etiqueta: será deselegância ou mesmo falta de educação usar chapéu de couro num ambiente fechado, ainda mais no plenário do legislativo?

Seja ou não seja, parece uma coisa sem pé nem cabeça o camarada sair de casa para a Assembleia como se fosse procurar boi perdido na caatinga. Mas, para Toinho do Sopão, o chapéu figurava como uma evidência exterior de sua alma sertaneja. De qualquer modo, a questão nos interessava porque havia um fundo político nesse veto. Na verdade, havia mais que isso. Por mais que a invenção de Toinho fosse desajustada, seria o caso de uma ação proibitória pública? Aliás, seria caso de se proibir, como se ele atentasse contra o decoro da casa ou ofendesse a dignidade dos seus pares?

Havia mais perguntas: se, no lugar de um chapéu de couro, Toinho carregasse um caro chapéu de uma marca finérrima, seria proibido? E, o mais importante, se fosse outro deputado, sobretudo um do alto clero, que resolvesse fazer uso do apetrecho, o presidente Ricardo Marcelo agiria da mesma forma? Duvide-se! O fato foi que chegamos ao mais fundo dessa história.

Muita gente na Assembleia não engolia a presença de Toinho do Sopão ali, com sua empolgação de novo eleito, com seu jeitão de vendedor de churro, com sua votação esmagadora. Havia quem o visse como uma anomalia entre políticos profissionais, entre campanhas milionárias. E mais: como um despreparado, espécie de Tiririca da Paraíba. O fato era que Toinho podia ser isso tudo. Porém, era preciso esperar para ver, afinal, julgá-lo naquela época seria sucumbir ao preconceito.

Mas, se não havia como saber se Toinho era tudo isso, porque mal começava seu primeiro mandato, havia muita gente experiente na Assembleia que – todo mundo sabia – possuía todos esses “atributos”, embora não usasse chapéu de vaqueiro.
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Blog JURU EM DESTAQUE com Blog do Lenildo Ferreira