segunda-feira, 14 de março de 2022

Bolsonaro critica escalada nos preços dos combustíveis

Presidente Jair Bolsonaro diz que Petrobras demonstra não ter sensibilidade com população

"A Petrobras demonstra que não tem qualquer sensibilidade com a população. É Petrobras Futebol Clube e o resto que se exploda", afirmou.


Bolsonaro diz que Petrobras demonstra não ter sensibilidade com população

FÁBIO PUPO - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou no sábado (12) que a Petrobras demonstrou insensibilidade com a população ao anunciar durante a semana um mega-aumento nos preços de combustíveis.

"A Petrobras demonstra que não tem qualquer sensibilidade com a população. É Petrobras Futebol Clube e o resto que se exploda", afirmou.

Ele criticou especificamente o fato de a empresa ter anunciado o reajuste antes de o Congresso aprovar um projeto de lei que cortou tributos sobre o diesel. O texto zerou os impostos federais PIS e Cofins sobre o combustível e ainda limitou a cobrança do estadual ICMS.

A expectativa do governo é que as mudanças tributárias permitidas pelo Congresso e já sancionadas pelo presidente possam reduzir em R$ 0,60 o custo do diesel. "Em vez de ter anunciado R$ 0,90 de reajuste no diesel, [a Petrobras] podia ter anunciado R$ 0,30", afirmou Bolsonaro.

O presidente afirmou que chegou a ser feito durante a semana um pedido por parte do Parlamento para que a Petrobras postergasse o reajuste para depois da votação. Perguntado sobre quem fez a requisição à empresa, Bolsonaro respondeu que não sabia e disse que ele mesmo não poderia ter feito porque o ato poderia ser enquadrado como tráfico de influência.

"Leis, projetos, contratos feitos no passado que transformou [sic] a Petrobras em algo, simplesmente, em Petrobras Futebol Clube, um Campeonato Brasileiro. Eles cuidam da vida deles e o resto do Brasil, mesmo na crise e com a guerra lá fora, que se vire. Lamento a atuação da Petrobras nesse episódio", disse.

Agora, com o corte tributário, ele diz esperar que os postos reduzam parcialmente os preços. "Espero que os postos que aumentaram em R$ 0,90 a partir de amanhã reduzam em R$ 0,60 o litro do diesel, o que é muito pesado mesmo assim para os caminhoneiros", disse.

Bolsonaro lembrou que o Brasil não tem como refinar petróleo para atender sua demanda e disse que, por isso, o país é escravo dos preços praticados no exterior. Segundo ele, qualquer nova refinaria é bem-vinda, mas elas ainda demorariam de três a cinco anos para sair do papel.

Ele aproveitou para voltar a criticar as medidas para a contenção da pandemia de Covid-19, dizendo que elas impulsionaram a inflação. Em seguida, no entanto, mencionou os impactos da guerra na Europa como causa para a atual escalada nos preços e defendeu o fim do conflito.

"A gente pede a Deus que esse problema [entre] Rússia e Ucrânia se resolva rapidamente, porque estamos sofrendo as consequências a 10 mil quilômetros de distância", disse.

Mais cedo, o presidente disse também que estuda mandar um projeto de lei para o Congresso na próxima semana zerando o PIS/Cofins para a gasolina.

O movimento segue a mais recente medida, tomada na noite de sexta-feira (11) após aval do Congresso, quando ele sancionou lei que zera o PIS/Cofins e o ICMS para gás de cozinha e diesel até o final de 2022, ano eleitoral. Questionado se a medida seria suficiente para a alta dos combustíveis, ocasionada pela guerra na Ucrânia, Bolsonaro disse que não.

Ele contou que conversou com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para saber o quanto a alta na gasolina influencia na inflação, disse ter ficado insatisfeito com o mega-aumento e afirmou que não vai "interferir no mercado".

Bolsonaro disse ainda que dá palpites e faz sugestões diretamente a Silva e Luna, mas negou que seja interferência. "São sugestões apenas".

Para ele, a Petrobras tem "lucro absurdo", num momento "atípico" no mundo. O presidente voltou a se queixar da política de preços da companhia, que disse não entender.

Como a Folha mostrou, uma ala do governo defende a adoção de uma solução rápida para evitar que os aumentos sigam sendo repassados para o consumidor.

A principal tese é a adoção de subsídio para o diesel, com efeito imediato, para permitir ao governo bancar uma parte dos valores cobrados nas bombas. Com isso, recursos do Tesouro Nacional seriam usados diretamente para bancar parte dos preços.

A hipótese é rechaçada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) neste momento. Ele, no entanto, admite a possibilidade restrita ao diesel caso a guerra se prolongue ou os preços continuem escalando.

Notícias ao Minuto

Nenhum comentário:

Postar um comentário